São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2011

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O FIM DO DITADOR

ONU pede apuração de morte de Gaddafi

Comissariado de Direitos Humanos considera "perturbadores" vídeos que o mostram capturado e depois morto

Otan anuncia que deve encerrar em dez dias as suas operações; novo governo promete cronograma amanhã

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Passada a euforia inicial com o fim do ditador líbio, organismos internacionais e governos que, inclusive, ajudaram os rebeldes na sua caçada questionam agora a natureza da morte de Muammar Gaddafi.
A ONU (Organização das Naçõe s Unidas) pediu uma investigação, enquanto os Estados Unidos -membros da Otan- disseram que o CNT (Conselho Nacional de Transição) líbio deve oferecer explicações "transparentes" sobre a causa da morte.
O pedido de investigação teria sido o principal motivo para que o CNT adiasse o enterro de Gaddafi, previsto inicialmente para ontem.
Ainda não está definido o que será feito com o corpo, que foi exposto ontem como um troféu em Misrata. Em comunicado, a família pediu a entrega dos corpos do ditador e de seu filho para poder enterrá-los.
Segundo o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, são necessários mais detalhes para "assegurar se ele morreu em algum tipo de confronto ou se foi assassinado depois de sua captura".
"Vistos de maneira conjunta, os dois vídeos que mostram Gaddafi vivo e morto são muito perturbadores", disse o porta-voz do organismo, Rupert Colville.
A primeira gravação mostram Gaddafi vivo e sendo empurrado com violência pelos rebeldes após ser capturado. Um vídeo seguinte já o mostra morto, deitado no chão.
A participação da Otan na ação também é alvo de questionamentos. A aliança militar calcou sua intervenção no país na resolução 1.973 do Conselho de Segurança, que autorizava "tomar todas as medidas necessárias para proteger civis". Suas ações, porém, evidenciaram uma caçada ao ditador.
"Não há nenhuma relação entre a zona de exclusão aérea [autorizada pela resolução] e um ataque contra um objetivo em terra, neste caso, o comboio. Ainda mais se levarmos em conta que não se tratava de proteger civis, pois o comboio não atacava ninguém", disse o chanceler russo, Serguei Lavrov.

FIM DA OPERAÇÃO
Com a morte de Gaddafi, a Otan prevê colocar fim à sua operação militar no país em dez dias.
Segundo o secretário-geral da aliança militar, Anders Fogh Rasmussen, o "acordo preliminar", fechado em Bruxelas, prevê terminar a intervenção que já dura sete meses no dia 31. Mas a data só será confirmada na próxima semana.
Amanhã, o CNT proclamará a "libertação nacional" da Líbia, em uma cerimônia simbólica comandada pelo presidente do conselho, Mustafa Abdel Jalil. O local escolhido para o evento foi Benghazi -cidade em que teve início o levante contra Gaddafi.
Espera-se que um governo de transição saia em até 30 dias. Após a formação de um governo interino, as eleições deverão ser convocadas em oito meses, período em que será redigida nova Carta.
O atual premiê interino, o impopular Mahmoud Jibril, ex-membro do governo Gaddafi, deve deixar o posto. Já Mustafa Abdel Jalil tem tentado conciliar vários lados da oposição, o que pode garantir sua continuidade no posto.


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