|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTIGO
Europa teme mais terrorismo nativo
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
A cidadezinha alemã de Neu-Ulm só era lembrada pela sua
vizinhança de Ulm, onde nasceu Einstein. Mas de repente
Neu-Ulm ganhou espaços nos
meios de comunicação da Europa por contar com uma mesquita considerada um ninho de
militantes muçulmanos radicais. É de lá um dos dois alemães convertidos e recrutados
pela Jihad (guerra santa) Islâmica. Tem registro de nascimento no Uzbequistão e irmandade com a Al Qaeda de
Bin Laden, com o Taleban e
campos de treinamento e de
exportação de militantes no
Paquistão.
A Alemanha escapou "das
mais graves tentativas de atentados já preparados em território alemão", segundo o procurador-geral.
Cabelos louros
As atenções se voltaram sobretudo para a presença dominante entre os terroristas de jovens (22 e 26 anos) de origem
alemã pura, cabelos louros, nomes e sobrenomes como atestados de nacionalidade.
Como se fosse uma extensão
desse fenômeno, um nome inconfundivelmente espanhol, o
de José Emilio Suárez, figura
entre os muçulmanos condenados na Espanha. Teve papel
importante nos atentados. Ajudou a roubar explosivos, sem os
quais nada feito.
Linha invisível
Citando especialmente Londres, Madri e Neu-Ulm como
focos possivelmente contaminados por germes que se disseminarão, podendo alcançar
Berlim, Oxford e Roterdã ou
qualquer parte sobretudo da
Europa, um conhecido jornalista europeu, Timothy Garton
Ash, falou de uma "linha de
frente invisível".
Garton Ash previu que a luta
contra o terrorismo será decidida na Europa e não nos Estados Unidos. Tampouco o Iraque seria decisivo, em campos
islâmicos. O mais provável é
um binômio de Europa (18 milhões de muçulmanos) e Paquistão, onde a matança já começou e se têm evidências fortes de que os serviços de inteligência, voltados para a Cachemira, colaboram com o islamismo radical.
Ampla porção desses confrontos, e a mais importante a
longo prazo, escreveu Ash, é a
batalha por mentes e corações
dos jovens muçulmanos europeus, em geral homens. Podem
tornar-se bons cidadãos ou manipuladores de bombas.
Há uma área cinzenta habitada por muçulmanos europeus
que na Alemanha são fichados
como "simpatizantes". São os
que se recusam, por exemplo, a
condenar os homens-bomba.
Núcleo duro
Um especialista calculou que
os núcleos duros dos muçulmanos ingleses representam 1%
do total. Já os simpatizantes,
que podem ir para um lado ou
outro, seriam 10%. É ai que deve ser travada a batalha por
mentes e corações.
Também na agenda policial e
de inteligência jovens europeus. Não esquecer que há 30
anos houve o "outono alemão"
de terrorismo e a Itália enfrentou a violência das Brigadas
Vermelhas. Agora ao jovem alemão de Neu-Ulm se junta o espanhol dos atentados de Madri.
O jornalista NEWTON CARLOS é analista de
questões internacionais
Texto Anterior: Hungria: Sindicatos protestam contra reformas Próximo Texto: Putin pode monopolizar Congresso Índice
|