|
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros
ELEIÇÕES NO HAITI
Brasil pode voltar a pressionar para resumir apuração
Hector Retamal/Associated Press
|
|
Corpos de vítimas da cólera em hospital do Haiti; epidemia já matou 1.250 desde outubro
LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO
Para acabar com a violência que se seguiu às últimas
eleições no Haiti, em 2006,
o Brasil e outros países pressionaram e, com um instrumento jurídico, encerraram
antecipadamente a apuração e deram a Presidência
ao líder, René Préval.
O embaixador do Brasil
em Porto Príncipe, Igor Kipman, disse à Folha, por telefone, que a demora na
apuração é prevista, tanto
que consta do calendário
eleitoral, porém que Brasil e
aliados estão prontos para
agir de novo, se necessário.
Qual é a sua expectativa em
relação às eleições?
Não há nenhum indicador de que as eleições não
vão se realizar no dia 28.
Há grupos políticos tentando atrapalhar a eleição?
São grupos que não têm
condições de ganhar. Uns
se recusam a participar e
outros usam meios menos
ortodoxos para que ela não
se realize.
Efetivamente, [o ex-rebelde] Guy Philippe foi visto
em Cap Haitien e Ouanamine [palcos de protestos na
semana passada], mas ainda não dá para ter certeza
do que está fazendo.
Nas eleições passadas houve violência pela demora na
apuração. O Brasil está preparado para agir de novo?
Está preparado, por isso
estou aqui. Em 2006 não foi
só um trabalho da embaixada, foi a ação do que se chama aqui de Core Group, que
reúne os principais parceiros do Haiti e da ONU.
Há uma certa demora na
apuração, o calendário eleitoral já prevê isso. O transporte das urnas do interior
para a capital demora. A divulgação dos resultados só
ocorrerá em dez dias.
Isso não causa violência?
Há sim possibilidade de
violência. Já houve violência aqui em Porto Príncipe
na última quinta feira, mas
por pequenos grupos.
Nada que se compare aos
episódios de 2006, quando
5.000 pessoas saíam para
incendiar postos de gasolina, fazer barricadas.
Como o senhor vê o crescimento da candidata da oposição Mirlande Manigat?
É um país sofrido. Neste
ano teve o terremoto, talvez
a maior catástrofe natural
da história moderna. Teve o
furacão, que não foi um impacto direto, e tem o cólera.
O povo está buscando um
culpado, e é mais fácil dizer
que o governo o é, alegando
que não fez o suficiente.
Qual é a influência do Brasil
entre os parceiros do Haiti?
Estamos no patamar dos
EUA, do Canadá, da França
e da União Europeia.
Quais as principais ações de
apoio do Brasil ao Haiti hoje?
Temos mais de 30 projetos de cooperação em andamento, principalmente nas
áreas de agricultura, saúde,
educação e energia. Há a
construção de uma hidrelétrica e um memorando de
cooperação entre Brasil e
EUA para produzir etanol.
Na educação há diversos
programas regulares e um
emergencial para levar 500
estudantes ao Brasil com
bolsa integral.
Depois do terremoto, o Brasil transferiu US$ 55 milhões a um fundo do Banco
Mundial dos quais US$ 15 milhões é apoio e US$ 45 milhões para a hidrelétrica.
Texto Anterior: Acidente: Sete morrem após deslizamento em mina no Suriname Índice | Comunicar Erros
|