São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2010

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ELEIÇÕES NO HAITI

Brasil pode voltar a pressionar para resumir apuração

Hector Retamal/Associated Press
Corpos de vítimas da cólera em hospital do Haiti; epidemia já matou 1.250 desde outubro

LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO

Para acabar com a violência que se seguiu às últimas eleições no Haiti, em 2006, o Brasil e outros países pressionaram e, com um instrumento jurídico, encerraram antecipadamente a apuração e deram a Presidência ao líder, René Préval.
O embaixador do Brasil em Porto Príncipe, Igor Kipman, disse à Folha, por telefone, que a demora na apuração é prevista, tanto que consta do calendário eleitoral, porém que Brasil e aliados estão prontos para agir de novo, se necessário.

 

Qual é a sua expectativa em relação às eleições?
Não há nenhum indicador de que as eleições não vão se realizar no dia 28.

Há grupos políticos tentando atrapalhar a eleição?
São grupos que não têm condições de ganhar. Uns se recusam a participar e outros usam meios menos ortodoxos para que ela não se realize.
Efetivamente, [o ex-rebelde] Guy Philippe foi visto em Cap Haitien e Ouanamine [palcos de protestos na semana passada], mas ainda não dá para ter certeza do que está fazendo.

Nas eleições passadas houve violência pela demora na apuração. O Brasil está preparado para agir de novo?
Está preparado, por isso estou aqui. Em 2006 não foi só um trabalho da embaixada, foi a ação do que se chama aqui de Core Group, que reúne os principais parceiros do Haiti e da ONU.
Há uma certa demora na apuração, o calendário eleitoral já prevê isso. O transporte das urnas do interior para a capital demora. A divulgação dos resultados só ocorrerá em dez dias.

Isso não causa violência?
Há sim possibilidade de violência. Já houve violência aqui em Porto Príncipe na última quinta feira, mas por pequenos grupos.
Nada que se compare aos episódios de 2006, quando 5.000 pessoas saíam para incendiar postos de gasolina, fazer barricadas.

Como o senhor vê o crescimento da candidata da oposição Mirlande Manigat?
É um país sofrido. Neste ano teve o terremoto, talvez a maior catástrofe natural da história moderna. Teve o furacão, que não foi um impacto direto, e tem o cólera.
O povo está buscando um culpado, e é mais fácil dizer que o governo o é, alegando que não fez o suficiente.

Qual é a influência do Brasil entre os parceiros do Haiti?
Estamos no patamar dos EUA, do Canadá, da França e da União Europeia.

Quais as principais ações de apoio do Brasil ao Haiti hoje?
Temos mais de 30 projetos de cooperação em andamento, principalmente nas áreas de agricultura, saúde, educação e energia. Há a construção de uma hidrelétrica e um memorando de cooperação entre Brasil e EUA para produzir etanol.
Na educação há diversos programas regulares e um emergencial para levar 500 estudantes ao Brasil com bolsa integral.
Depois do terremoto, o Brasil transferiu US$ 55 milhões a um fundo do Banco Mundial dos quais US$ 15 milhões é apoio e US$ 45 milhões para a hidrelétrica.


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