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Raúl diz que não imitará estilo de Fidel
General afirma que irmão é "insubstituível", defende decisões colegiadas e declara a universitários que eles não devem temer debate
Dirigente cubano diz que cúpula do governo "está concluindo seu dever" e que é preciso abrir espaço aos poucos às novas gerações
"Science"
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Raúl no encontro de estudantes, quando falou pela primeira vez sobre seu estilo de gestão |
DA REDAÇÃO
Cinco meses depois de assumir interinamente o poder em Cuba, o general Raúl Castro afirmou que não pretende imitar o estilo de governo de seu irmão Fidel e delineou seu próprio estilo de liderança como baseado em decisões descentralizadas e colegiadas.
As afirmações foram feitas em discurso durante congresso da Federação Estudantil Universitária, na noite de anteontem, em Havana, e reproduzidas ontem pelo diário estatal cubano "Granma".
As declarações ocorrem ainda às vésperas da reunião da Assembléia Nacional, que começa hoje e na qual será definido o programa de governo de 2007. A sessão deve ser presidida por Raúl.
"Quando alguém tenta imitar, fracassa", disse Raúl. "Fidel é insubstituível, a menos que o substituamos todos nós juntos, cada um em seu lugar." E acrescentou: "O substituto [de Fidel] só pode ser o Partido Comunista de Cuba."
Raúl afirmou que, desde que assumiu o poder, estabeleceu que "não tinha de fazer todos os informes nem falar em todos os atos". "Essa é a linha que devemos seguir. Os discursos se discutem com os quadros mais envolvidos com o tema."
"Quanto mais se discute, quanto mais discrepâncias, sempre sairão as melhores decisões", acrescentou, explicando a seguir seu modo de atuação como comandante das Forças Armadas.
"O primeiro princípio na construção de quaisquer Forças Armadas é um comando único. Mas isso não significa que não podemos discutir", afirmou. "Comigo participam uma bateria de 12 generais de uma ou mais estrelas. Todos opinam, todos discutem e no final, se vejo que não há um consenso verdadeiramente majoritário, não se chega a nenhuma conclusão, se não for urgente."
Segundo o "Granma", ele pediu aos universitários "que desenvolvam sem medo o exercício do debate, da análise e da divergência".
Raúl assumiu o poder interinamente em 31 de julho, quando o ditador Fidel Castro, no poder desde 1959, foi afastado após sofrer uma cirurgia no intestino.
Não se conhecem detalhes sobre o problema de saúde de Fidel. Há informações de que sua doença é terminal e de que ele está à beira da morte.
A última vez em que foram divulgadas imagens de Fidel foi em outubro. Ele tampouco participou do desfile militar em Havana que comemorou ao mesmo tempo seus 80 anos e o 50º aniversário do desembarque do grupo de guerrilheiros que conquistaria o poder.
O ditador fez aniversário em 13 de agosto, mas as comemorações foram postergadas, na esperança de que a melhora de seu estado permitisse sua participação.
Renovação
No discurso de anteontem, Raúl também falou da necessidade de renovação da cúpula cubana. "Queiramos ou não, estamos concluindo o cumprimento do nosso dever, e é preciso abrir passo paulatinamente às novas gerações", disse Raúl, 75.
Segundo um diplomata europeu ouvido pela agência Efe, o discurso confirma as indicações de que Raúl "está tomando as rédeas do governo".
"Este é apenas mais um sinal de que Raúl tem um estilo diferente e poderia dar uma direção diferente", disse o analista Phil Peters, do Lexington Institute, de Washington, que acompanhou uma delegação de dez congressistas a Cuba na semana passada.
"Já se sabe que ele não é alérgico à reforma econômica. Ele parece estar dizendo que, sob sua liderança, ninguém será penalizado por uma opinião diferente. Acho que muitos cubanos reagiriam a isso cautelosa, mas positivamente", afirmou.
Em discurso nas comemorações de 2 de dezembro, Raúl propôs a abertura de um diálogo com os EUA para "normalizar as relações".
"Está claro que isso [o diálogo] ocorrerá se eles [os EUA] aceitarem nossa condição de país que não tolera dúvidas quanto a sua independência, e que as negociações tenham como base os princípios de igualdade, reciprocidade, não-ingerência e respeito mútuo."
Washington e Havana não mantêm relações diplomáticas, e há 45 anos Cuba está submetida a um embargo comercial.
Com agências internacionais
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