São Paulo, sábado, 22 de dezembro de 2007

Próximo Texto | Índice

Homem-bomba mata 48 no Paquistão

Ataque ocorre em mesquita durante orações do feriado islâmico de Eid al Adha; provável alvo é ex-ministro do Interior

Explosão aumenta a tensão pouco antes de eleições de 8 de janeiro; com 760 mortes, ano de 2007 foi recordista em número de atentados

DA REDAÇÃO

Um homem-bomba matou ontem ao menos 48 pessoas ao se explodir em uma mesquita em Sherpao, noroeste do Paquistão, durante orações do feriado islâmico de Eid al Adha (festa do sacrifício). O governo paquistanês disse que o provável alvo da explosão foi o ex-ministro do Interior Aftab Ahmed Khan Sherpao, que sobreviveu a outro atentado em abril e novamente escapou ileso. O ataque feriu mais de 80 pessoas, inclusive um filho do ex-ministro. Várias correm risco de morte.
Sherpao, que concorre nas eleições parlamentares de 8 de janeiro, lidera um pequeno partido favorável ao ditador Pervez Musharraf. Como ministro do Interior, ele esteve envolvido em esforços de combate ao Taleban e à rede terrorista Al Qaeda no país. O político mora a poucos metros da mesquita, no distrito de Charsadda, na Província da Fronteira Noroeste.
O homem-bomba estava em uma fileira central, cercado de fiéis, e se explodiu ao final das orações, quando Sherpao foi rodeado por simpatizantes. Foram usados mais de 6 kg de explosivos, e a bomba foi carregada com pregos para maximizar os danos. Havia então 1.200 pessoas na mesquita.
"É desumano. Nenhum muçulmano pode fazer algo assim no dia do Eid", disse Mohammad Asad, 45, que perdeu dois primos no atentado.
Horas após o ataque, policiais e agentes de inteligência invadiram uma escola islâmica em Turangzai, perto de Sherpao, e detiveram sete estudantes, alguns deles afegãos. Os policiais não confirmaram se a ação tem ligação com o ataque.

Ano sangrento
O ano de 2007 foi particularmente sangrento no Paquistão, país assolado por movimentos extremistas e que vive uma ditadura desde 1999, quando o então chefe das Forças Armadas Pervez Musharraf empreendeu um golpe de Estado.
Desde o início do ano, ao menos 760 pessoas morreram em ataques no país -500 após o cerco à Mesquita Vermelha de Islamabad, em julho, que deixou 102 mortos, de acordo com a agência de notícias France Presse. Metade dos mortos foi vítima de atentados suicidas, segundo a Associated Press.
O extremismo crescente foi uma das razões apontadas por Pervez Musharraf para decretar um estado de emergência no país, que durou de 3 de novembro até o último dia 15.
O estado de emergência suspendeu temporariamente a Constituição, substituiu juízes da Suprema Corte e censurou a imprensa. Musharraf emitiu o decreto logo após o Supremo ter questionado sua reeleição indireta de outubro para um terceiro mandato -ilegal enquanto ele ainda fosse militar.
Ele o suspendeu após alterar a Carta para concentrar poder, marcar eleições parlamentares e abandonar a farda, assumindo como presidente civil.
O presidente do vizinho Afeganistão, Hamid Karzai, que deve visitar o Paquistão em breve, descreveu o ataque de ontem como "completamente antiislâmico". "Isso mais uma vez ilustra que o terrorismo é uma ameaça comum ao Afeganistão e ao Paquistão. E não apenas às duas nações, mas a toda a humanidade", afirmou.


Com agências internacionais


Próximo Texto: Al Qaeda se reergueu no país, diz Gates
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.