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Homem-bomba mata 48 no Paquistão
Ataque ocorre em mesquita durante orações do feriado islâmico de Eid al Adha; provável alvo é ex-ministro do Interior
Explosão aumenta a tensão pouco antes de eleições de 8 de janeiro; com 760 mortes, ano de 2007 foi recordista em número de atentados
DA REDAÇÃO
Um homem-bomba matou
ontem ao menos 48 pessoas ao
se explodir em uma mesquita
em Sherpao, noroeste do Paquistão, durante orações do feriado islâmico de Eid al Adha
(festa do sacrifício). O governo
paquistanês disse que o provável alvo da explosão foi o ex-ministro do Interior Aftab Ahmed
Khan Sherpao, que sobreviveu
a outro atentado em abril e novamente escapou ileso. O ataque feriu mais de 80 pessoas,
inclusive um filho do ex-ministro. Várias correm risco de
morte.
Sherpao, que concorre nas
eleições parlamentares de 8 de
janeiro, lidera um pequeno
partido favorável ao ditador
Pervez Musharraf. Como ministro do Interior, ele esteve
envolvido em esforços de combate ao Taleban e à rede terrorista Al Qaeda no país. O político mora a poucos metros da
mesquita, no distrito de Charsadda, na Província da Fronteira Noroeste.
O homem-bomba estava em
uma fileira central, cercado de
fiéis, e se explodiu ao final das
orações, quando Sherpao foi
rodeado por simpatizantes. Foram usados mais de 6 kg de explosivos, e a bomba foi carregada com pregos para maximizar
os danos. Havia então 1.200
pessoas na mesquita.
"É desumano. Nenhum muçulmano pode fazer algo assim
no dia do Eid", disse Mohammad Asad, 45, que perdeu dois
primos no atentado.
Horas após o ataque, policiais e agentes de inteligência
invadiram uma escola islâmica
em Turangzai, perto de Sherpao, e detiveram sete estudantes, alguns deles afegãos. Os policiais não confirmaram se a
ação tem ligação com o ataque.
Ano sangrento
O ano de 2007 foi particularmente sangrento no Paquistão,
país assolado por movimentos
extremistas e que vive uma ditadura desde 1999, quando o
então chefe das Forças Armadas Pervez Musharraf empreendeu um golpe de Estado.
Desde o início do ano, ao menos 760 pessoas morreram em
ataques no país -500 após o
cerco à Mesquita Vermelha de
Islamabad, em julho, que deixou 102 mortos, de acordo com
a agência de notícias France
Presse. Metade dos mortos foi
vítima de atentados suicidas,
segundo a Associated Press.
O extremismo crescente foi
uma das razões apontadas por
Pervez Musharraf para decretar um estado de emergência
no país, que durou de 3 de novembro até o último dia 15.
O estado de emergência suspendeu temporariamente a
Constituição, substituiu juízes
da Suprema Corte e censurou a
imprensa. Musharraf emitiu o
decreto logo após o Supremo
ter questionado sua reeleição
indireta de outubro para um
terceiro mandato -ilegal enquanto ele ainda fosse militar.
Ele o suspendeu após alterar
a Carta para concentrar poder,
marcar eleições parlamentares
e abandonar a farda, assumindo como presidente civil.
O presidente do vizinho Afeganistão, Hamid Karzai, que
deve visitar o Paquistão em
breve, descreveu o ataque de
ontem como "completamente
antiislâmico". "Isso mais uma
vez ilustra que o terrorismo é
uma ameaça comum ao Afeganistão e ao Paquistão. E não
apenas às duas nações, mas a
toda a humanidade", afirmou.
Com agências internacionais
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