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Associação médica se diz preocupada
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES
A Associação Médica Britânica
(BMA) lançou ontem um apelo
contra o relaxamento da política
criminal em relação à maconha
no Reino Unido, ao afirmar que a
medida pode ser mal interpretada
pelo público e incentivar o consumo da droga.
"Estamos muito preocupados
com essa questão e esperamos
que o governo reveja a decisão",
afirmou à Folha o vice-presidente
do Conselho de Ciência da BMA,
Peter Maguire.
Segundo Maguire, o consumo
de maconha pode trazer sérios
danos à saúde no longo prazo e
causar problemas cardíacos e
doenças como câncer de pulmão
e bronquite.
"A maconha é altamente tóxica
para o pulmão e para o fígado",
disse o médico.
Questionado sobre o argumento de que os danos provocados
pelo consumo de maconha seriam menos graves do que os danos provocados pelo consumo de
drogas legais, Maguire afirmou
que a maconha "é significativamente mais perigosa que o cigarro e que o álcool".
"Quem fuma maconha recebe
no pulmão cinco vezes mais monóxido de carbono do que quem
fuma cigarro, além de uma quantidade de alcatrão muito maior
também", disse.
Maguire disse esperar que "as
pessoas escutem as mensagens da
mídia" sobre os perigos do consumo da maconha e que as campanhas de conscientização ajudem a
evitar um aumento no uso da droga após a mudança na legislação
britânica.
Professores britânicos também
vêm expressando preocupação
em relação à percepção que os jovens poderão ter diante das mudanças.
"Os alunos estão achando que a
maconha agora é uma droga segura, o que não é necessariamente
o caso. Essa certamente não é a
mensagem que queremos passar
para nossos jovens", disse Bob
Carstairs, da Associação de Diretores das Escolas Secundárias do
Reino Unido.
Ministro defende distinção
O governo do premiê Tony Blair
rebate as críticas argumentando
que a nova política não diz que é
seguro fumar maconha, mas apenas explicita que o uso da droga é
menos danoso do que o de outras
drogas classificadas como de risco
maior.
Segundo o ministro do Interior
trabalhista, David Blunkett, a intenção é mostrar a distinção entre
a maconha e outras drogas mais
pesadas.
"Muitas famílias me dizem: "Se
confundirmos nossas crianças dizendo que maconha é igual a
crack ou heroína, e um dia elas fumarem maconha e perceberem
que não é, então não vão mais
acreditar no que dizemos em relação ao crack ou à heroína'", afirmou Blunkett.
(RW)
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