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São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Destruição de mísseis pedida por chefe de inspetores é vista como teste para Bagdá e pode fortalecer posição dos EUA

Bush cobra rapidez e "relevância" da ONU

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que a ONU tem uma "última chance de provar sua relevância" se aprovar rapidamente uma nova resolução contra o Iraque que deve ser apresentada nos próximos dias para "estabelecer em termos claros e simples que [o ditador] Saddam Hussein não está cumprindo as demandas de desarmamento".
Em declarações após um encontro com o premiê espanhol, José María Aznar, em seu rancho em Crawford, no Texas, Bush disse não estar disposto a "esperar dois meses" para que o CS (Conselho de Segurança) da ONU aprove a resolução. Esse foi o tempo que levou para o CS aprovar, em novembro, a resolução 1441, que ameaça o Iraque com "sérias consequências" se não se desarmar.
"O tempo é curto e esta é a última chance para o CS mostrar sua relevância, porque Saddam não se desarmou", disse Bush.
Segundo Bush, os EUA e seus aliados apresentarão nesta semana uma nova resolução para condenar o Iraque por não ter cumprido com a resolução anterior.
Aznar disse que a Espanha apóia a resolução. Eles disseram que ligariam em seguida ao premiês britânico, Tony Blair, e da Itália, Silvio Berlusconi, para discutir a estratégia sobre o Iraque.
O apoio a Bush vem trazendo problemas internos a Aznar. Segundo pesquisa publicada ontem no jornal "El Mundo", 84% dos espanhóis são contra uma guerra no Iraque -eram 74% há três semanas. Mesmo entre os simpatizantes do Partido Popular, de Aznar, a oposição à guerra é de 72%.

Destruição de mísseis
A ordem do chefe de inspetores da ONU, o sueco Hans Blix, para que Bagdá destrua, a partir de 1º de março, todos os mísseis que ultrapassam limite imposto pela organização está sendo vista como um teste fundamental para a anunciada disposição iraquiana de se desarmar. A ordem de Blix é um duro golpe na defesa iraquiana, que já posicionou os mísseis para tentar conter uma possível invasão liderada pelos EUA.
Os inspetores dizem que os mísseis Al Samoud 2 têm um alcance de ao menos 180 km, enquanto resolução CS de 1991 limita a 150 km o alcance de mísseis do país.
Segundo a inteligência dos EUA, os mísseis podem carregar armas químicas ou biológicas. Se o país não destruir os mísseis, EUA e Reino Unido dirão que o fato prova a falta de cooperação.
O chanceler iraquiano, Naji Sabri, evitou dar uma resposta direta à ordem de Blix, mas disse que "todos os assuntos pendentes podem ser resolvidos entre as duas partes sem nenhuma pressão exercida por certas forças".
A questão dos mísseis pode facilitar o trabalho dos EUA de convencer outros países no CS a apoiarem a nova resolução.
Em carta enviada ao governo iraquiano, Blix disse que o país deve destruir não apenas os mísseis, mas seus motores, sistemas de controle e outros equipamentos, bem como material de pesquisa e produção do armamento, todos importados, contrariando determinações da ONU.
Segundo o Iraque, o alcance dos mísseis não excede o limite da ONU. Mas os inspetores afirmam que modificações no míssil permitem que ele tenha alcance maior que o determinado.
Para Bush, a destruição dos mísseis proibidos não é suficiente para o desarmamento do Iraque.
Já o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, o egípcio Mohamed El Baradei, disse que o Iraque ainda não está cooperando totalmente, mas afirmou que uma guerra é evitável. "Não estamos tendo uma cooperação total e abrangente do Iraque, mas esperamos obtê-la nas próximas semanas", disse.


Com agências internacionais


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