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São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003

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Veterano de outros governos, o secretário da Defesa aparece hoje como o assessor mais influente de Bush

Rumsfeld ganha força em tempo de guerra

DE WASHINGTON

Enquanto os EUA caminham para sua segunda guerra em menos de dois anos, Donald Rumsfeld, o veterano (71 anos de idade) e conservador secretário da Defesa de George W. Bush, aparece como o mais poderoso e influente assessor do presidente.
Tendo trabalhado diretamente para outros dois presidentes (Nixon e Ford), Rumsfeld iniciou sua atual gestão discretamente e virou vedete após a vitória militar avassaladora dos EUA sobre o Taleban. Logo após 11 de setembro de 2001, Rumsfeld disse a Bush que os EUA não precisavam de uma coalizão para invadir o Afeganistão. Segundo ele, considerando a gravidade dos atentados, a guerra seria uma reação legítima e a diplomacia, um sinal de fraqueza.
Contrariando o secretário de Estado, Colin Powell, Rumsfeld argumentava que a diplomacia permitiria ao antiamericano fingir que é pró-americano e daria tempo para o inimigo armar-se. Para ele, os EUA precisavam exercitar sua hegemonia de forma inequívoca e, se necessário, sós. Essa posição serviu de base para a doutrina de ataques preventivos adotada pelo governo na mais recente estratégia de segurança nacional.
Desde então, Rumsfeld tem feito propostas ainda mais ousadas. Recentemente, disse que os EUA são "perfeitamente capazes" de realizar ações militares contra o Iraque e a Coréia do Norte ao mesmo tempo -se necessário.
Formado em política pela Universidade de Princeton, em 1954, Rumsfeld passou três anos na Marinha antes de dar início a uma carreira política precoce. Em 1962, foi eleito para a Câmara dos Representantes pelos Estado de Illinois, foi reeleito para mais três mandatos e demitiu-se, em 1969, para juntar-se ao governo Nixon.
Em 1973, foi embaixador na Otan, voltando a Washington em 1974 para liderar a equipe de transição do presidente Gerald Ford.
Foi nomeado chefe de gabinete da Casa Branca, tendo, à época, chamado o atual vice-presidente, Dick Cheney, para ser seu subordinado. Nasceria ali uma relação que explica as alianças entre as facções da atual administração Bush. Entre 1975 e 1977, Rumsfeld tornou-se o mais jovem secretário da Defesa da história. E Cheney o sucedeu no cargo.
No fim do governo democrata de Bill Clinton, Rumsfeld presidiu a comissão bipartidária do Congresso sobre ameaças de mísseis balísticos. Acusado de superestimar os riscos de um ataque aos EUA para justificar a construção de um escudo antimísseis, Rumsfeld deu as costas para seus opositores e caiu nas graças do então candidato George W. Bush.
"Don e eu estabelecemos três objetivos claros para guiar a política de defesa norte-americana", declarou Bush sobre Rumsfeld. "Primeiro, fortaleceremos a união de confiança entre o povo norte-americano e os que vestem o uniforme da nossa nação. Daremos a eles as ferramentas necessárias e o respeito que merecem. Segundo, trabalharemos para defender nosso povo e nossos aliados contra ameaças crescentes; as ameaças de mísseis, da guerra da informação, as ameaças das armas biológicas, químicas e nucleares... Terceiro, começaremos a criar as Forças Armadas do futuro, que possam aproveitar totalmente as novas e revolucionárias tecnologias. Promoveremos a paz redefinindo a forma como as guerras serão disputadas."
Rumsfeld foi para o setor privado no fim do governo Ford. Foi presidente da Instrument General Corporation e da G. D. Searle & Co. (MARCIO AITH)


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