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ELEIÇÕES NOS EUA
Advogado, que tirou votos dos democratas no último pleito, diz que vai combater "governo corporativo"
Decisivo em 2000, Nader lança candidatura
DA REDAÇÃO
Ralph Nader, cuja candidatura
às eleições presidenciais de 2000
teria, segundo os democratas, favorecido a eleição do republicano
George W. Bush, anunciou ontem
que vai tentar novamente chegar
à Casa Branca neste ano.
Ignorando os apelos do Partido
Democrata para permanecer fora
da disputa, Nader, que se lançou
como candidato independente,
afirmou que deseja desafiar o
controle dos dois partidos sobre o
processo político e sua dependência dos interesses corporativos.
"Washington é um território
ocupado pelas corporações, e os
dois lados estão competindo ferozmente para ver quem vai chegar à Casa Branca e receber ordens dos responsáveis pelos pagamentos corporativos", disse Nader no programa "Meet the
Press", da rede de TV NBC.
Ele afirmou que as queixas de
que sua candidatura dificultaria
os esforços para derrotar Bush em
novembro foram uma tentativa
"desdenhosa" de restringir a democracia e de manter o que chamou de "duopólio de partidos".
Advogado especializado na defesa de consumidores, Nader
também disse ser "uma ofensa
negar uma oportunidade de voto
a milhões de pessoas" que podem
querer apoiar sua candidatura.
Ele também acrescentou que o
"governo corporativo" praticado
por ambos os partidos levou a um
recuo nos índices econômicos,
trabalhistas e ambientais.
"O país tem mais problemas e
injustiças do que merece. É hora
de mudar a equação e trazer para
a arena política milhões de americanos", completou.
O Partido Verde, de Nader, obteve cerca de 2,9 milhões de votos
em 2000 e foi acusado pelos democratas de ter subtraído votos
de Al Gore -particularmente na
Flórida, onde Nader conseguiu
97.488 votos. A derrota de Gore
no Estado -por apenas 537 votos- custou-lhe a Presidência.
Nader inaugurou, em 2003, um
comitê para levantar dinheiro para uma possível campanha presidencial. Ele havia descartado um
outro convite do Partido Verde,
que estava dividido em relação à
sua candidatura. "Decidi concorrer à Presidência como candidato
independente", disse.
Uma pesquisa de opinião realizada em outubro apontava que
dois terços dos norte-americanos
não desejavam que Nader concorresse novamente. Democratas
de todos os espectros ideológicos
pediram-lhe que se mantivesse
fora da disputa eleitoral e, desse
modo, atingisse diretamente a
candidatura de Bush.
"Diferentemente do que ocorreu em 2000, agora não há nenhuma necessidade de uma voz progressista alternativa, pois temos
candidatos progressistas nas primárias que desafiarão as tendências à direita dentro do próprio
Partido Democrata", afirmou Al
Sharpton, um dos pré-candidatos
democratas.
Estes esperam que a candidatura de Nader tenha um impacto
menor neste ano do que teve em
2000. Eles acreditam que o partido e os ativistas de esquerda tenham percebido que Nader estava errado em 2000, quando afirmou que não havia diferença entre os dois grandes partidos.
"Não creio que ele venha a ter
um impacto considerável [na disputa], mas será terrível se ele for
adiante, pois isso diz respeito a
ele, a seu ego, à sua vaidade, não a
um movimento", afirmou ontem
à rede de TV Fox News o governador do Novo México, Bill Richardson, cotado para ser o vice
de John Kerry caso ele seja o candidato democrata.
Kerry havia afirmado, no sábado à noite, que não temia que uma
eventual candidatura pudesse
afetar seu desempenho diante de
Bush. "Penso que a minha campanha está tocando em uma série
de questões com as quais Nader
também está preocupado."
Com agências internacionais
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