São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004

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CRISE

Votantes chegaram a 50,6% no país e a 29% em Teerã

Disputas sobre resultado oficial da eleição no Irã deixam oito mortos

DA REDAÇÃO

Segundo disseram ontem autoridades locais, oito pessoas morreram em enfrentamentos -em duas cidades no sul do Irã- por conta de disputas relacionadas à divulgação do resultado oficial da eleição legislativa (realizada na última sexta-feira).
De acordo com estatísticas do Ministério do Interior, 50,6% dos 46 milhões de eleitores iranianos compareceram às urnas durante a votação, que foi boicotada pelos reformistas depois que cerca de 2.500 candidatos de partidos liberais tiveram sua participação no pleito vetada pelo Conselho de Guardiães, órgão que zela pelo respeito à Constituição.
Segundo os liberais, só cerca de 40% do eleitorado votou. Embora o resultado final ainda não tenha sido anunciado, os conservadores obtiveram uma grande vitória sobre os reformistas, recuperando a maioria no Parlamento.
Na capital iraniana, Teerã, só cerca de 29% votaram, de acordo com um funcionário do Ministério do Interior -que não quis ser identificado. Ele disse ainda que, na Província de Teerã, o comparecimento às urnas foi de 33%.
"Um grupo que conta com um pequeno apoio da população tomará o controle do Parlamento", afirmou Mostafah Tajzadeh, que faz parte da cúpula da Frente de Participação do Irã Islâmico, o maior partido reformista do país.
Mesmo que 50,6% dos eleitores tenham realmente ido às urnas, o número é o mais baixo desde a Revolução Islâmica (1979). Há quatro anos, 67% votaram.
Até ontem, 194 dos 290 postos no Parlamento já tinham sido definidos. Os conservadores já tinham 124 cadeiras, enquanto os liberais só contavam com 52. A bancada reformista conquistou 70% das cadeiras em 2000.
Quatro pessoas, incluindo um policial, morreram em choques ocorridos no sábado, em Firouzabad, depois que o governador anunciou que o comparecimento às urnas fora elevado.
Também no sábado, outras quatro pessoas morreram, na cidade de Izeh, durante protestos contra o resultado oficial da eleição legislativa, de acordo com a agência de notícias iraniana Irna.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que a eleição legislativa fora uma derrota para os inimigos do país. Segundo ele, o pleito foi "completamente livre e justo". Os EUA e União Européia tinham expressado preocupação com veto aos liberais.


Com agências internacionais


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