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Cristina alfineta Londres em cúpula regional
Presidente argentina diz que questão das Malvinas é exemplo de distorção do direito internacional no âmbito da ONU
Os que, como o Reino Unido, têm vaga fixa no Conselho de Segurança podem violar as disposições da ONU, que outros têm de cumprir, diz ela
Eduardo Verdugo/Associated Press
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A presidente argentina, Cristina Kirchner, e seu colega mexicano, Felipe Calderón, que acena antes de reunião na cúpula de Cancún
FABIANO MAISONNAVE
SIMONE IGLESIAS
ENVIADOS ESPECIAIS A CANCÚN (MÉXICO)
A presidente Cristina Kirchner aproveitou o primeiro dia
da cúpula da Calc (Cúpula da
Unidade da América Latina e
do Caribe) para capitalizar o
apoio regional na crise diplomática com o Reino Unido em
torno da prospecção de petróleo nas ilhas Malvinas, cuja soberania é reclamada historicamente pela Argentina.
"Agradeço profundamente
em nome do meu país o apoio
que temos recebido neste fórum, no que diz respeito a nossos direitos legítimos sobre as
ilhas Malvinas", disse, na abertura da cúpula. O discurso não
foi transmitido, mas uma cópia
impressa foi distribuída em seguida por sua assessoria.
"A questão Malvinas pode
ser vista como um exemplo claro do que ocorre, em matéria de
direito internacional, onde os
que têm um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU podem violar uma e
mil vezes, sistematicamente, as
disposições das Nações Unidas,
enquanto o resto dos países se
vê obrigado a cumpri-las", declarou ela.
Anteontem, representantes
diplomáticos dos 32 países que
participam do encontro aprovaram preliminarmente duas
resoluções de apoio à Argentina. Uma delas exorta o Reino
Unido a respeitar a resolução
3.149 da Assembleia Geral da
ONU, que recomenda aos dois
países não "adotarem decisões
que envolvam a introdução de
modificações na situação" das
Malvinas enquanto a disputa
não for resolvida.
A resolução ainda deve ser
aprovada pela cúpula, que termina hoje e deve anunciar a
criação de uma entidade -até
ontem sem nome definido-
reunindo os países da América
Latina e do Caribe.
Cristina descartou um novo
conflito bélico com o Reino
Unido e chamou de um "exercício de cinismo" declarações recentes do governo britânico de
que há um temor de uma nova
guerra em torno das Malvinas,
como a ocorrida em 1982.
Apesar dos protestos argentinos, a empresa petroleira britânica Desire anunciou ontem
que já começou a prospecção
de petróleo a cerca de 100 km
ao norte das Malvinas. A operação deve durar cerca de 30 dias.
A organização da cúpula tem
restringido o acesso da imprensa. Apenas o discurso de abertura do presidente mexicano,
Felipe Calderón, foi transmitido. Até o fechamento desta edição, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva não havia falado
no encontro.
Para evitar acesso dos repórteres ao resort Grand Velas, onde ocorre a cúpula, há um muro
e foi colocada uma grade que
avança para dentro do mar caribenho. A 100 metros do muro,
há reforço policial com metralhadoras.
Estão em Cancún 25 presidentes dos 33 que integram a
Calc, hospedados em suítes localizadas à beira da praia, com
spa e campo de golfe.
Ontem à noite seria o único
momento da cúpula em que os
presidentes deixariam o hotel.
Foi agendado um jantar no
Parque Ecológico Xcaret, espécie de Disney World mexicana.
Eles serão levados em ônibus
blindado. Trata-se de um parque com tubarões e golfinhos,
caverna de morcegos e até uma
fazenda onde é permitido colher cogumelos.
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