São Paulo, terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

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Obama lança esforço final por reforma

Casa Branca apresenta sua versão para mudanças no sistema de saúde na tentativa de unificar projetos da Câmara e do Senado

Projeto do presidente segue o de senadores ao não incluir opção de plano de saúde público, mas tem estimativa de custos mais elevada

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Em sua última cartada para aprovar no Congresso o projeto de reforma do sistema de saúde, prioridade de sua agenda interna, o presidente dos EUA, Barack Obama, divulgou ontem um projeto próprio para a mudança, com alterações pontuais em relação ao aprovado pelo Senado em dezembro.
Para que a reforma entre em vigor, uma mesma versão do texto deve ser aprovada pelo Senado e pela Câmara dos Representantes (deputados). Cada uma das Casas aprovou a sua própria versão no fim do ano passado. Os esforços para aprovar uma versão conciliatória dos dois textos se complicaram depois que o Partido Democrata perdeu, no mês passado, a maioria qualificada de três quintos no Senado.
A divulgação da proposta de Obama é o primeiro passo em uma semana crucial para o esforço da Casa Branca para aprovar o projeto e que deve culminar com o debate que será transmitido na TV na quinta-feira entre democratas e republicanos. Ao divulgar uma proposta própria, a Casa Branca indica que ela deve ser a base das discussões.
"Nós vemos isso como o primeiro passo para o encontro sobre a reforma da saúde", disse Dan Pfeiffer, diretor de comunicação da Casa Branca.
Mesmo fugindo de pontos polêmicos do projeto aprovado na Câmara, como a criação de uma opção pública de plano de saúde, a proposta da Casa Branca não foi considerada satisfatória pelos republicanos.
Entre as mudanças, Obama postergou para 2018 a punição para planos com preços muito elevados, mas aumentou as restrições a aumento de preços a serem impostas pelo governo federal.
Para a oposição, mesmo sem plano público, o plano representa maior controle do governo sobre as seguradoras. "É uma desilusão ver que os democratas em Washington ou não estão escutando ou estão ignorando completamente o que os americanos em todo o país têm dito", afirmou o líder republicano no Senado, Mitch McConnell.
Do lado democrata, até mesmo a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, foi pouco enfática na defesa da nova proposta. Segundo ela, o projeto de Obama "contém elementos positivos dos projetos da Câmara dos Representantes e do Senado". "Espero revisá-lo junto com os membros da Câmara e então me juntar ao presidente e às lideranças republicanas no encontro de quinta-feira."
A Casa Branca estima o custo de sua proposta em US$ 950 bilhões ao longo de dez anos. O valor é maior do que o projeto aprovado no Senado, de US$ 871 bilhões.
O objetivo é estender a cobertura para mais 31 milhões de americanos. A Presidência estima que haverá uma redução de US$ 100 bilhões no deficit americano ao longo de dez anos e de mais US$ 1 trilhão na década seguinte.
Depois que os democratas perderam a supermaioria no Senado, que permitia a aprovação de projetos sem que eles fossem atrasados por medidas de obstrução, o que se discute agora é se o governo irá ou não usar um mecanismo conhecido como reconciliação, que permite a aprovação de projetos com a maioria simples. Já na Câmara, mesmo com maioria folgada, o desafio será convencer os democratas a aprovar uma reforma sem a opção pública.


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