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ORIENTE MÉDIO
200 mil vão ao funeral de xeque Yassin, morto por míssil em Gaza; grupo palestino promete vingança
Israelenses matam o maior líder do Hamas
DA REDAÇÃO
Israel matou ontem, num ataque aéreo, o principal líder do
grupo terrorista islâmico Hamas,
o xeque Ahmed Yassin. Ele foi
atingido ao sair, em sua cadeira de
rodas, da mesquita onde havia feito suas orações matinais, em Gaza. Outras sete pessoas morreram
e cerca de 20 ficaram feridas, incluindo dois filhos do xeque.
Yassin -que tinha 67 anos, segundo algumas fontes- é o mais
proeminente palestino a ser assassinado por Israel nos três anos
de Intifada (levante palestino).
O Hamas prometeu se vingar.
"Sharon abriu os portões do inferno e nada irá nos impedir de
decepar sua cabeça", disse a liderança do grupo em comunicado
transmitido por meio de alto-falantes da mesquita. Abdel Aziz
Rantisi, um dos principais líderes
do Hamas, disse que "Yassin era
um homem em uma nação e uma
nação em um homem, e a retaliação dessa nação será do tamanho
desse homem".
Líderes árabes e europeus condenaram a ação. Para os EUA, Israel tem o direito de se defender,
mas deve estar ciente das conseqüências de seus atos.
Mais de 200 mil pessoas foram
ao funeral de Yassin. Muitos palestinos carregavam bandeiras do
Hamas e entoavam gritos pedindo revanche em um dos maiores
protestos da história de Gaza. Milhares de palestinos também saíram às ruas na Cisjordânia. Israel
estava em estado de alerta máximo, temendo uma resposta do
Hamas. As passagens para a Cisjordânia e para Gaza, ocupadas na
guerra de 1967, foram fechadas.
O premiê israelense, Ariel Sharon, que monitorou por telefone
toda a operação, disse que o líder
do Hamas era "o mentor do terror
palestino" e "um assassino em
massa que está entre os maiores
inimigos de Israel". Segundo Sharon, Israel seguirá adiante na luta
contra o terror, e haverá mais "assassinatos seletivos".
Yassin sempre saudou as ações
do Hamas contra civis israelenses,
porém dizia que não tinha envolvimento com o terrorismo.
O Hamas é responsável por dezenas de atentados que mataram
centenas de civis israelenses nos
últimos anos e defende a destruição do Estado de Israel e a instalação de um Estado único islâmico.
O chanceler de Israel, Silvan
Shalom, que está em Washington,
disse que os EUA não tinham conhecimento prévio da operação.
O suposto envolvimento americano provocou uma inédita
ameaça do Hamas de atacar alvos
americanos. Até agora, o grupo
insistia que apenas israelenses seriam alvos e que não se envolveria
em outras partes do mundo.
A Autoridade Nacional Palestina disse, em nota, que "Israel ultrapassou todos os limites com esse crime sujo" e declarou três dias
de luto. O premiê palestino, Ahmed Korei, classificou Yassin como um "grande líder".
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, que
via em Yassin um rival, mas sempre evitou confronto, disse que o
dirigente do Hamas morreu como "um mártir". Alguns dos assessores de Arafat afirmaram que
ele estava com medo de ser o próximo alvo de Israel. O chanceler
Shalom, porém, disse que Arafat
não será um alvo, por enquanto.
Segundo ele, Israel vai se concentrar nos grupos terroristas.
A ação israelense ocorre em
meio a uma escalada da violência
na região, que começou com um
duplo atentado no porto de Ashdod, dia 14, no qual dez israelenses morreram. Em resposta, o governo decidiu lançar uma ampla
ofensiva contra o Hamas e outros
grupos terroristas palestinos, na
qual os principais alvos seriam os
líderes das organizações.
Desde a semana passada, autoridades israelenses já diziam que
Yassin era um possível alvo. Mas
o líder do Hamas não alterou a
sua rotina. Em setembro, o xeque
já havia escapado por pouco de
um ataque de Israel.
Analistas afirmam que o objetivo do governo Sharon é enfraquecer o Hamas antes de implementar o plano de remoção de assentamentos judaicos na faixa de Gaza. Desse modo, o grupo não seria
visto como vencedor em uma
provável retirada israelense, como o Hizbollah clamou após a
saída de Israel do sul do Líbano.
Com agências internacionais
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