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Estudo vê falha em educação pró-abstinência
Pesquisa de órgão estatal aponta que tais programas não têm impacto em decisão de iniciar a vida sexual entre jovens dos EUA
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
Os programas oficiais de educação que ensinam crianças e
jovens dos EUA a evitar o sexo
antes do casamento não funcionam. O que antes era uma
acusação da oposição ao presidente George W. Bush -ardoroso defensor da idéia- agora
foi confirmado por um estudo
do Departamento de Saúde e
Serviços Humanos, que faz parte da administração federal.
Segundo a pesquisa, que
abordou 1.200 estudantes americanos no período de quatro a
seis anos após eles participarem de programas governamentais de educação sexual
pró-abstinência, 49% se mantiveram virgens desde então
-exatamente a mesma porcentagem observada entre meninos e meninas que não tiveram
essas aulas. Nos dois grupos, a
idade média da primeira relação é idêntica: 14,9 anos.
O estudo demonstrou, ainda,
que os programas não têm impacto na decisão de usar ou não
camisinha. As porcentagens de
quem utilizou proteção sempre, utilizou às vezes e nunca
utilizou são iguais entre os jovens que participaram dos projetos e os demais, de 23%, 17% e
4% respectivamente.
O relatório, pedido pelo Congresso, não foi divulgado pelo
órgão estatal e sim pelo deputado democrata Henry Waxman.
"Os dados apontam que os programas que pregam a abstinência não protegem a saúde dos
adolescentes", disse Waxman,
presidente da Comissão de Fiscalização do Governo.
"Esse é apenas um estudo. A
literatura em saúde apresenta
muitos outros que apontam
que a educação para a abstinência tem, sim, impacto em reduzir a atividade sexual do adolescente", rebateu Christine Kam,
analista de políticas domésticas da Fundação Heritage, que
realiza programas educacionais pró-abstinência.
Orçamento
O estudo jogou lenha na fogueira de mais uma grande briga entre Bush e o Congresso,
dominado pelos democratas.
Nas aulas dos programas
pró-abstinência, os alunos
aprendem que se manter virgem é a única forma de evitar
uma gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis e traumas psicológicos.
Defendendo que a educação sexual deve ser mais abrangente e
compreensiva, a oposição a
Bush propôs uma lei para enviar recursos para as escolas
que têm essa mesma posição.
Atualmente, as instituições de
ensino que optam por ensinar
somente a abstinência recebem dinheiro extra.
Estima-se que tenha subido
de US$ 163 milhões em 2006
para US$ 191 milhões em 2007
o montante destinado aos programas pró-abstinência -desde que tomou posse, Bush só
fez aumentar esse volume, pois
os projetos são prioridade da
sua gestão.
Não são só as escolas públicas que dão as aulas. Muitas
ONGs e fundações -boa parte
delas de orientação religiosa, as
quais Bush é acusado de privilegiar- também recebem recursos do governo. Por temer a
perda da sua principal fonte de
financiamento, elas se organizaram em torno da Associação
Nacional para a Educação sobre Abstinência para fazer
lobby no Capitólio.
"Essas instituições funcionaram tranqüilamente por sete
anos", disse James Wagner,
presidente da ONG Defensores
dos Jovens, que cuida de projetos de educação sexual porém
sem foco na abstinência. "Agora, elas sabem que a lua-de-mel
com o Congresso acabou."
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