|
Texto Anterior | Índice
País vê muro como "confrontação imperialista"
DO ENVIADO À COREIA
Um muro que corta toda a
fronteira entre as Coreias é visto pelos militares do norte como maior símbolo da ""confrontação do inimigo imperialista".
Com 241 km de extensão e oito metros de altura, a barreira
foi erguida pelos sul-coreanos e
americanos no final dos anos
70 e só pode ser vista do lado do
norte. Do lado sul, o muro parece um grande tapete de grama
inclinado. Já no norte, a parede
de cimento é exposta aos coreanos do lado mais pobre.
""Esse muro é vergonhoso e
uma provocação. Eles querem
eternizar a manutenção da Coreia do Sul. Fora isso, esse lado
da história ninguém sabe. Já
que os imperialistas fingem
que esse muro não existe", disse o capitão Kim Chang-zun,
55, chefe de um dos postos de
observação da fronteira.
Ele comanda um batalhão no
interior de Kao Song, cidade
que foi capital do país entre os
séculos 10 e 16. O posto fica numa região rural, distante cerca
de 30 km da cidade.
Com lunetas de mais de 30
anos, ele e seus soldados observam a movimentação no muro.
O posto fica cerca de cinco metros de distância da zona desmilitarizada, uma área de cerca
de dois quilômetros que separa
os dois países. O local tem cerca
elétrica e uma série de minas
espalhadas.
O muro fica logo após o final
da zona desmilitarizada do lado
sul e conta com túneis internos
para movimentação das tropas
e de seus veículos.
Próximo dali, fica Panmunjon, o único ponto onde os dois
exércitos se encontram. O clima no local é tenso. A região
não tem nada de desmilitarizada e abriga um dos maiores arsenais de minas terrestres do
mundo.
O trajeto de cerca de 100 km
de Pyongyang até a fronteira
com a inimiga Coreia do Sul é
uma viagem insólita. Uma das
poucas pistas pavimentadas do
país, a estrada não tem trânsito.
Durante as quase duas horas
até a chamada zona desmilitarizada, a Folha encontrou apenas quatro carros e quatro ônibus, sendo dois quebrados.
A conservação das estradas é
feita de modo precário. Os reparos são feitos por militares,
que improvisam um forno de
carvão num carrinho de mão
para fazer o asfalto. Não existe
rolo compressor, um dos motivos de a viagem parecer um interminável rali.
Texto Anterior: Viagem por país sem luz e internet é como uma volta ao tempo Índice
|