São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2010

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País vê muro como "confrontação imperialista"

DO ENVIADO À COREIA

Um muro que corta toda a fronteira entre as Coreias é visto pelos militares do norte como maior símbolo da ""confrontação do inimigo imperialista".
Com 241 km de extensão e oito metros de altura, a barreira foi erguida pelos sul-coreanos e americanos no final dos anos 70 e só pode ser vista do lado do norte. Do lado sul, o muro parece um grande tapete de grama inclinado. Já no norte, a parede de cimento é exposta aos coreanos do lado mais pobre.
""Esse muro é vergonhoso e uma provocação. Eles querem eternizar a manutenção da Coreia do Sul. Fora isso, esse lado da história ninguém sabe. Já que os imperialistas fingem que esse muro não existe", disse o capitão Kim Chang-zun, 55, chefe de um dos postos de observação da fronteira.
Ele comanda um batalhão no interior de Kao Song, cidade que foi capital do país entre os séculos 10 e 16. O posto fica numa região rural, distante cerca de 30 km da cidade.
Com lunetas de mais de 30 anos, ele e seus soldados observam a movimentação no muro. O posto fica cerca de cinco metros de distância da zona desmilitarizada, uma área de cerca de dois quilômetros que separa os dois países. O local tem cerca elétrica e uma série de minas espalhadas.
O muro fica logo após o final da zona desmilitarizada do lado sul e conta com túneis internos para movimentação das tropas e de seus veículos.
Próximo dali, fica Panmunjon, o único ponto onde os dois exércitos se encontram. O clima no local é tenso. A região não tem nada de desmilitarizada e abriga um dos maiores arsenais de minas terrestres do mundo.
O trajeto de cerca de 100 km de Pyongyang até a fronteira com a inimiga Coreia do Sul é uma viagem insólita. Uma das poucas pistas pavimentadas do país, a estrada não tem trânsito. Durante as quase duas horas até a chamada zona desmilitarizada, a Folha encontrou apenas quatro carros e quatro ônibus, sendo dois quebrados.
A conservação das estradas é feita de modo precário. Os reparos são feitos por militares, que improvisam um forno de carvão num carrinho de mão para fazer o asfalto. Não existe rolo compressor, um dos motivos de a viagem parecer um interminável rali.


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