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ORIENTE MÉDIO
Ao menos seis libaneses morrem e 20 ficam feridos; habitantes do norte israelense se refugiam em abrigos
Israel retira tropas de 1/5 do sul do Líbano
ROBERT FISK
DO "THE INDEPENDENT",
EM BEIRUTE
Israel continua a promover sua
retirada do sul do Líbano. Ontem,
durante a desocupação, ao menos
seis libaneses morreram e 20 ficaram feridos, em mais um dos notórios "erros" israelenses na região, como o massacre em Qana
(bombardeio contra abrigo da
ONU que deixou mais de cem
mortos, em 96), o ataque contra
uma ambulância em Mansouri e a
destruição de toda a família de
um pastor, em 98.
Habitantes do norte de Israel se
refugiaram em abrigos, seguindo
recomendação do Exército e temendo ataques da milícia islâmica Hizbollah, que luta contra a
presença militar israelense no sul
do Líbano.
O secretário-geral das Nações
Unidas, Kofi Annan, recomendou
o aumento da força de manutenção da paz que atua no sul do Líbano de 4.500 soldados para cerca
de 7.900, depois da retirada israelense.
A morte atingiu membros do
Hizbollah e soldados israelenses
com igual ferocidade nos últimos
anos. O Hizbollah lhe deu as boas-vindas, e os israelenses a temeram. É por isso que o Hizbollah
venceu a guerra, e os israelenses
perderam.
De que serviram 22 anos de ocupação, combate guerrilheiro, desapossamento e milhares de mortes? Em apenas 24 horas, a história do sul do Líbano se mostrou
uma fraude. A "zona de segurança" de Israel não era segura. Sua
existência nunca protegeu Israel.
Ontem, com a desocupação de
pelo menos um quinto da área
sob controle israelense (11% do
Líbano), nem um único míssil foi
disparado através da fronteira,
contra o norte de Israel.
Após a fuga de boa parte do
Exército do Sul do Líbano (ESL),
milícia descrita por um militar israelense como o "escudo da Galiléia", dezenas de milhares de libaneses que haviam abandonado
suas casas 22 anos atrás voltaram
para ao menos 14 aldeias xiitas liberadas, com crianças que se tornaram combatentes do Hizbollah
durante esse período.
"Respostas severas"
Era tudo previsível. As faixas do
Hizbollah sobre posições do ESL
abandonadas e as ameaças contundentes de "respostas severas"
do primeiro-ministro israelense,
Ehud Barak, já eram esperadas.
Em apenas quatro dias, 374
membros do ESL -cerca de 20%
dos integrantes do grupo- se entregaram às autoridades libanesas
ou ao Hizbollah. Os que tentaram
ir para Israel receberam uma reposta familiar: vão para casa. Foi o
que aconteceu em 1983, quando
os israelenses deixaram as montanhas do Chouf. Ou em 1985,
quando abandonaram Sidon (sul
do Líbano). Seus colaboradores
foram abandonados, julgados,
presos e, em certos casos, executados.
Ontem, estranhamente, houve
uma certa tolerância. Nenhum
membro da milícia cristã pró-Israel foi assassinado.
Sucessivos premiês israelenses
haviam prometido que o país
nunca deixaria a região sem um
acordo de paz prévio, fazendo
com que seus soldados sangrassem nos vales do sul do Líbano.
No final, não houve nem acordo
nem paz. Apenas a imagem do
maior Exército do Oriente Médio
se retirando e de seus colaboradores se entregando.
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