São Paulo, sábado, 23 de maio de 2009

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Plano para Guantánamo ira aliados e rivais

Secretário da Defesa afirma que prisão é "das melhores do mundo", mas virou propaganda para a Al Qaeda

DO "NEW YORK TIMES"

O discurso de Barack Obama sobre o fechamento da prisão na base militar de Guantánamo, anteontem, conseguiu desagradar tanto à oposição republicana quanto a movimentos de direitos humanos que vinham apoiando as políticas do democrata.
O secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, que já ocupava a mesma posição sob George W. Bush, mostrou a dificuldade de aliar o discurso de que a existência da prisão foi um golpe nos "valores americanos" e "criou mais terroristas do que jamais deteve" -parte do discurso de Obama que desagradou aos republicanos- com o fato de que parte dos presos da base terá que continuar detida por tempo indeterminado sem acusações -o que levou a críticas de defensores dos direitos humanos.
Em uma entrevista para a TV, Gates disse que, Guantánamo "é provavelmente uma das melhores prisões do mundo, mas tem uma mancha".
"O próprio nome é uma condenação. O que o presidente está dizendo é que o centro servirá como propaganda para a Al Qaeda enquanto estiver em funcionamento", afirmou.
A declaração vem num momento em que Obama se esforça para defender sua estratégia de segurança nacional. Precisa convencer o país de que sua direção está em mãos seguras, apesar dos alertas em contrário da direita, e ao mesmo tempo persuadir a esquerda de que basta reformular, e não abandonar, a abordagem de Bush.
Em lugar de propor um programa de fácil classificação, Obama está juntando elementos vindos de pontos diferentes do espectro político -ele proibiu a tortura, mas acatou a detenção por prazo ilimitado, e sem julgamento, de certos suspeitos de terrorismo; ordenou o fechamento da prisão de Guantánamo, mas reterá os julgamentos militares.
James Jay Carafano, especialista em segurança nacional na Heritage Foundation, diz que o risco é ficar sem apoio de qualquer das alas do espectro político. Para Sarah Mendelson, do Centro para Estudos Estratégicos Internacionais, "estão tentando literalmente combinar os paradigmas" de Bush e anti-Bush. "O que significa que ninguém sairá feliz."


Com agências internacionais


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