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Comércio de Bancoc calcula prejuízos
Histórias se dividem entre os que tiveram lojas incendiadas e os que estão com portas fechadas desde março
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A BANCOC
Com a oposição presa e desarticulada, Bancoc deixou a
política em segundo plano e
começou ontem a calcular os
prejuízos causados por dois
meses de manifestações que
paralisaram e destruíram
parte de Rajaprasong, o distrito comercial mais rico do
país.
O governo nacional montou dois centros de atendimento em Bancoc, para os
comerciantes afetados. Em
Rajaprasong, por volta do
meio-dia, cerca de 300 comerciantes já haviam preenchido formulários para relatar os prejuízos.
As histórias dos comerciantes se dividem entre os
que tiveram a loja incendiada e os que estão de portas fechadas desde meados de
março, quando os "camisas
vermelhas", camponeses
opositores ao governo, se
instalaram na região para
exigir a renúncia do premiê
Abhisit Vejjajiva.
Para alguns comerciantes,
houve ambos. É o caso da rede de relógios de luxo Time
Deco, que tinha cinco lojas
na região -quatro estão fechadas há dois meses e uma
foi incendiada.
"Nunca imaginava que algo assim poderia ocorrer",
disse o empresário Panu
Naorngchaikul, 41. Segundo
ele, apenas em danos materiais, o prejuízo é de R$1, 2
milhão. As lojas estavam seguradas contra incêndio,
mas na Tailândia as apólices
não indenizam em caso de
fogo causado por distúrbios.
Para Panu, "muitos camisas vermelhas não tinham a
perspectiva completa. Isso é
culpa do [ex-premiê] Thaksin
[Shinawatra, deposto em
2006]. Todos sabem que ele
está por detrás disso tudo".
A loja incendiada por Panu estava no Central World, o
segundo maior shopping
center da Ásia, com 187 mil
m2 e 486 lojas. Até ontem à
tarde, duas colunas de fumaça ainda saíam dos andares
inferiores.
O futuro dos comerciantes
é incerto. A empresária Kansinee Martpijit, 47, que teve a
sua loja de CDs incendiada,
não sabe se poderá no mesmo lugar onde trabalhava
havia 20 anos.
Ela conta que a polícia ordenou o fechamento da loja
há uma semana, quatro dias
antes de o Exército desalojar
os manifestantes, com um
saldo de ao menos de 15 mortos e 39 prédios destruídos.
"O governo nos fechou a
loja, não deixou recolher a
mercadoria, mas não me protegeu", disse. "Mesmo se eles
derem uma nova loja, não será num ponto tão bom quanto este."
Nenhum dos empresários
acredita que o governo tailandês possa indenizar completamente todos os prejuízos. Para pequenos comerciantes com Kansinee, deve
significar o fim do negócio,
com o fechamento dos postos de trabalho.
Do lado de fora, o batalhão
de centenas de garis era muito maior do que o de militares
patrulhando a área, sinal de
que a cidade aos poucos volta à normalidade. Abhisit
prometeu reabrir o tráfego
em Rajaprasong amanhã, a
tempo do primeiro dia do ano
escolar tailandês.
Um dos principais temas
da imprensa tailandesa ontem era se os prédios incendiados foram escolhidos ao
mesmo ou eram uma vingança contra comerciantes "camisas amarelas", movimento da classe média de Bancoc
contrário aos "camisas vermelhas".
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