São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2004

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EUA administram mal o petróleo, diz a ONU

DA REUTERS

A administração civil liderada pelos EUA no Iraque está administrando mal bilhões de dólares obtidos com o petróleo iraquiano e está avançando em ritmo muito lento na proteção contra a corrupção. A denúncia foi feita ontem pelo Conselho Internacional de Assessoria e Monitoramento, uma agência internacional de vigilância ligada à ONU, segundo o qual a Autoridade Provisória da Coalizão (APC) deixou aberta a porta para o contrabando de petróleo, ao deixar de conceder contratos para equipamentos de medição da produção petrolífera do Iraque, apesar de ter anunciado a concessão dos contratos.
A APC também adiou por três meses a resposta ao pedido de que entregue auditorias americanas de contratos de fonte única financiados com dinheiro do petróleo iraquiano e concedidos no ano passado à empresa Halliburton sem que fosse realizada uma licitação anterior, disse o Conselho. Para concluir, segundo a agência, a autoridade liderada pelos EUA vem atrasando a conclusão de auditorias da Organização Estatal de Marketing do Petróleo, a estatal que vende o petróleo iraquiano.
A Halliburton, gigante texana de serviços petrolíferos que, no passado, foi chefiada pelo atual vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, vem sendo acusada por alguns democratas de lucrar de maneira pouco ética com a guerra, depois de fechar contratos de bilhões de dólares com as Forças Armadas americanas no Iraque.
O conselho de monitoramento divulgou o comunicado após uma reunião de dois dias em Paris, poucos dias antes do desmembramento da APC, que deve entregar o poder a um governo iraquiano interino em 30 de junho. Em função do tempo, é provável que a administração americana, que governa o país desde a invasão do ano passado, feche as portas antes de ser obrigada a dar uma resposta ao conselho.
A agência foi criada pelo Conselho de Segurança da ONU em maio de 2003 para assegurar que a administração civil liderada pelos EUA não se envolvesse em práticas dúbias na venda do petróleo iraquiano e utilizasse o dinheiro obtido na reconstrução do país.
Sob uma resolução do Conselho de Segurança de maio de 2003, tomada após a queda de Saddam Hussein, toda a receita das vendas de petróleo e gás iraquianos passaria a ser depositada numa conta especial intitulada Fundo de Desenvolvimento do Iraque, a ser usada pelas autoridades de ocupação para reconstruir o país.
Desde a invasão liderada pelos EUA, as vendas de petróleo iraquiano totalizam US$10,8 bilhões.


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