São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009

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Morales quer revisar contrato de venda de gás natural à Petrobras

Bolivianos propõem diminuição do volume do produto exportado ao Brasil

DO ENVIADO ESPECIAL A VILLA TUNARI

O presidente Evo Morales formalizou ontem ao colega Luiz Inácio Lula da Silva um pedido para revisar o contrato de exportação de gás ao Brasil. Com dificuldades em aumentar a produção, a Bolívia quer diminuir o volume de venda à Petrobras para atender à Argentina e ao mercado interno.
Segundo o presidente da YPFB (estatal boliviana), Carlos Villegas, a Bolívia quer a diminuição do teto atual de 31 milhões de metros cúbicos diários, previsto no acordo em vigor até 2019, para 24 milhões de metros cúbicos/dia.
Villegas disse que o Brasil compra atualmente cerca de 22 milhões de metros cúbicos dia. "Isso afeta significativamente a Bolívia, que deixou de receber, desde outubro, mais de US$ 450 milhões", disse, em entrevista, pouco antes da chegada da comitiva de Lula.
Ele afirmou ainda que a redução do volume de venda ao Brasil será benéfica aos dois países, já que a Petrobras, pelo atual contrato, tem de comprar uma quantidade mínima de 24 milhões de metros cúbicos/dia. Se compra abaixo desse volume, é obrigada pagar pelo gás natural não utilizado.
Na conversa com Lula, Morales também cobrou o cumprimento do acordo assinado em janeiro de 2007, pelo qual a Petrobras tem de pagar pelo "gás rico" que vem associado ao gás natural vendido ao Brasil.
Segundo La Paz, o país deixou de receber US$ 300 milhões por causa do atraso na entrada em vigor do acordo.
A inclusão do tema do gás na reunião foi anunciada nesta semana por declarações de Villegas e de Morales, sem consulta prévia ao governo brasileiro. Na comitiva de ontem, Lula não trouxe nenhum alto assessor da área energética.
Segundo fontes do Planalto, os dois presidentes devem se reunir novamente dentro de 20 dias em Corumbá (MS), na fronteira entre os dois países, para discutir o tema.

Lítio
Em outro tema econômico, os dois presidentes assinaram um memorando de entendimento para estudo das reservas de lítio da Bolívia, localizadas na região do Salar de Uyuni e uma das maiores do mundo.
Lula também se comprometeu a estudar a concessão de uma linha de crédito à Bolívia para construir uma rodovia no norte do país. (FM)


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