São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2010

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Karzai ataca rede de segurança privada

Presidente afegão acusa empresas contratadas pelos EUA de minar forças locais e contribuir com a corrupção

Firmas terão de deixar Afeganistão ainda neste ano; no Iraque, os EUA deverão manter 7.000 vigias após a retirada

Reza Shirmohammadi/Associated Press
Homem ferido em ataque em Herat, a oeste de Cabul; outro ataque no fim de semana matou chefe de firma de segurança

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, defendeu ontem a sua decisão de desmantelar as empresas de segurança privadas instaladas no país, dizendo que elas minam polícia e Exército e contribuem com a corrupção.
Em entrevista à rede de TV americana ABC News, Karzai disse que as companhias dificultam o recrutamento de soldados, por oferecer salários muito mais altos.
Tanto na Guerra do Afeganistão quanto na do Iraque, as forças militares lideradas pelos EUA usam empresas privadas de segurança para a escolta de comboios com suprimentos, o treinamento de forças locais e a proteção de entidades civis.
No Afeganistão, há 52 empresas desse tipo licenciadas, que empregam 26 mil homens armados. Metade das firmas é do próprio país.
Para Karzai, porém, muitas dessas empresas se valem de práticas corruptas, cobrando propinas a companhias de transporte e pagando ao Taleban e a insurgentes para não serem atacadas.

ULTIMATO
Há uma semana, Karzai ordenou que essas empresas (nacionais ou não) sejam desmontadas até o fim do ano. Ele garantiu, entretanto, que criará uma base para que as firmas possam continuar atendendo diplomatas, ONGs e governantes estrangeiros em missão no país.
No Iraque, quando o Exército dos EUA se retirar, em 2011, o número de seguranças privados deve dobrar, chegando a 7.000.
Antes da ordem do presidente, o Congresso dos EUA investigava a acusação de que empresas de segurança afegãs estavam extorquindo o equivalente a R$ 7 milhões semanais pagos pelo contribuinte americano.
"Estou apelando ao contribuinte americano para que não permita que o seu valoroso dinheiro seja desperdiçado com grupos que não só causam muitos problemas ao povo afegão, como estão em contato com organizações mafiosas e talvez também financiem insurgentes e terroristas através dessas firmas."
No sábado, insurgentes na Província de Kandahar mataram o diretor de uma dessas empresas.
Durante a entrevista, Karzai também prometeu que as duas principais forças-tarefas anticorrupção seriam autorizadas a investigar altos funcionários do governo, sem levar em conta suas conexões políticas.


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