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Karzai ataca rede de segurança privada
Presidente afegão acusa empresas contratadas pelos EUA de minar forças locais e contribuir com a corrupção
Firmas terão de deixar Afeganistão ainda neste ano; no Iraque, os EUA deverão manter 7.000 vigias após a retirada
Reza Shirmohammadi/Associated Press
![](../images/e2308201001.jpg) |
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Homem ferido em ataque em Herat, a oeste de Cabul; outro ataque no fim de semana matou chefe de firma de segurança
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, defendeu
ontem a sua decisão de desmantelar as empresas de segurança privadas instaladas
no país, dizendo que elas minam polícia e Exército e contribuem com a corrupção.
Em entrevista à rede de TV
americana ABC News, Karzai
disse que as companhias dificultam o recrutamento de
soldados, por oferecer salários muito mais altos.
Tanto na Guerra do Afeganistão quanto na do Iraque,
as forças militares lideradas
pelos EUA usam empresas
privadas de segurança para a
escolta de comboios com suprimentos, o treinamento de
forças locais e a proteção de
entidades civis.
No Afeganistão, há 52 empresas desse tipo licenciadas, que empregam 26 mil
homens armados. Metade
das firmas é do próprio país.
Para Karzai, porém, muitas dessas empresas se valem
de práticas corruptas, cobrando propinas a companhias de transporte e pagando ao Taleban e a insurgentes para não serem atacadas.
ULTIMATO
Há uma semana, Karzai ordenou que essas empresas
(nacionais ou não) sejam
desmontadas até o fim do
ano. Ele garantiu, entretanto, que criará uma base para
que as firmas possam continuar atendendo diplomatas,
ONGs e governantes estrangeiros em missão no país.
No Iraque, quando o Exército dos EUA se retirar, em
2011, o número de seguranças privados deve dobrar,
chegando a 7.000.
Antes da ordem do presidente, o Congresso dos EUA
investigava a acusação de
que empresas de segurança
afegãs estavam extorquindo
o equivalente a R$ 7 milhões
semanais pagos pelo contribuinte americano.
"Estou apelando ao contribuinte americano para que
não permita que o seu valoroso dinheiro seja desperdiçado com grupos que não só
causam muitos problemas ao
povo afegão, como estão em
contato com organizações
mafiosas e talvez também financiem insurgentes e terroristas através dessas firmas."
No sábado, insurgentes na
Província de Kandahar mataram o diretor de uma dessas
empresas.
Durante a entrevista, Karzai também prometeu que as
duas principais forças-tarefas anticorrupção seriam autorizadas a investigar altos
funcionários do governo,
sem levar em conta suas conexões políticas.
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