São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007

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Fujimori é preso ao voltar ao Peru após extradição do Chile

Ex-presidente, que chegou ontem a Lima, será julgado por corrupção e violações de direitos humanos em seu país

Em ato de apoio, mais de 600 peruanos pró-Fujimori param avenida na capital; líder político alerta para "papel desestabilizador"

DA REDAÇÃO

O ex-presidente do Peru Alberto Fujimori, 69, chegou no final da tarde de ontem à base militar de Las Palmas, no sul de Lima, um dia após a Corte Suprema chilena ordenar a sua extradição por denúncias de violação dos direitos humanos e corrupção. O ex-presidente vai ser julgado em seu país por sete das 13 acusações feitas pelo Estado peruano.
A chegada do ex-presidente era esperada no aeroporto internacional Jorge Chávez, oeste da capital, mas o temor de confrontos levou as autoridades a alterarem o plano. Antes da aterrissagem, cerca de 300 manifestantes pró-Fujimori se confrontaram com policiais perto do aeroporto internacional. Eles romperam o cerco policial e avançaram até as imediações da base da Polícia Aérea, onde o avião chegaria, usando camisetas com a frase "defendemos a inocência de Fujimori". Não há feridos.
Outros 600 simpatizantes do ex-líder bloquearam a avenida Elmer Faucett, em frente à mesma base, para demonstrar apoio ao extraditado, segundo a edição eletrônica do jornal peruano "El Comércio".
Fujimori mantém um apoio significativo no Peru: uma pesquisa recente mostrou que 23% dos peruanos querem a volta do ex-líder à política. "Há um setor do país que se identifica com ele, e Fujimori poderá ter um papel desestabilizador", alertou Javier Valle Riestra, líder do partido Apra, do presidente do país, Alan García.
O ex-mandatário, que governou o Peru de 1990 a 2000 e vivia no Chile desde 2005, viajou acompanhado do diretor da polícia peruana, David Rodríguez, do chefe da Interpol em Lima, coronel Manuel Barraza, e de um corpo de médicos.
Durante uma escala para abastecimento na cidade peruana de Tacna, Fujimori sofreu uma queda de pressão e foi atendido pelos médicos dentro do avião, segundo a mídia local. Devido à pouca autonomia de vôo, a aeronave de carga que o transportava, um Antonov, parou para reabastecer duas vezes no trajeto de Santiago até Lima, em Tacna e Antofagasta.
Após quase nove horas de viagem, o avião finalmente aterrissou em Lima às 16h40 locais (18h40 de Brasília).

Prisão
No Peru, o ex-presidente foi levado imediatamente após a aterrissagem em um helicóptero policial à sede da Direção de Operações Especiais da Polícia Nacional, em Lima, onde deverá ficar por cerca de três semanas. O ministro do Interior, Luis Alva Castro, explicou que a custódia de Fujimori será de responsabilidade do Instituto Nacional Penitenciário.
Segundo o jornal peruano "La República", um espaço blindado de 50 m2 foi preparado para receber o ex-presidente, até que se decida onde ele ficará durante o julgamento.
Fujimori chegou de surpresa a Santiago em novembro de 2005 vindo do Japão, onde viveu por cinco anos após renunciar por meio de um fax à Presidência do Peru.
Segundo Fujimori, sua passagem pelo Chile fazia parte de uma estratégia para reduzir a quantidade de denúncias contra ele. O Estado peruano apresentou 13 denúncias contra o ex-presidente, entre elas o massacre de Barrios Altos, em que 15 pessoas foram mortas. A corte chilena rejeitou seis das acusações, pelas quais Fujimori não poderá ser julgado.
Ontem, a ministra da Justiça do Peru, María Zavala, afirmou que pedirá à Suprema Corte do Chile a ampliação dos processos de extradição do ex-líder.


Com agências internacionais

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