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Fujimori é preso ao voltar ao Peru após extradição do Chile
Ex-presidente, que chegou ontem a Lima, será julgado por corrupção e violações de direitos humanos em seu país
Em ato de apoio, mais de 600 peruanos pró-Fujimori param avenida na capital; líder político alerta para "papel desestabilizador"
DA REDAÇÃO
O ex-presidente do Peru Alberto Fujimori, 69, chegou no
final da tarde de ontem à base
militar de Las Palmas, no sul de
Lima, um dia após a Corte Suprema chilena ordenar a sua
extradição por denúncias de
violação dos direitos humanos
e corrupção. O ex-presidente
vai ser julgado em seu país por
sete das 13 acusações feitas pelo Estado peruano.
A chegada do ex-presidente
era esperada no aeroporto internacional Jorge Chávez, oeste da capital, mas o temor de
confrontos levou as autoridades a alterarem o plano. Antes
da aterrissagem, cerca de 300
manifestantes pró-Fujimori se
confrontaram com policiais
perto do aeroporto internacional. Eles romperam o cerco policial e avançaram até as imediações da base da Polícia Aérea, onde o avião chegaria,
usando camisetas com a frase
"defendemos a inocência de
Fujimori". Não há feridos.
Outros 600 simpatizantes do
ex-líder bloquearam a avenida
Elmer Faucett, em frente à
mesma base, para demonstrar
apoio ao extraditado, segundo a
edição eletrônica do jornal peruano "El Comércio".
Fujimori mantém um apoio
significativo no Peru: uma pesquisa recente mostrou que 23%
dos peruanos querem a volta do
ex-líder à política. "Há um setor do país que se identifica
com ele, e Fujimori poderá ter
um papel desestabilizador",
alertou Javier Valle Riestra, líder do partido Apra, do presidente do país, Alan García.
O ex-mandatário, que governou o Peru de 1990 a 2000 e vivia no Chile desde 2005, viajou
acompanhado do diretor da polícia peruana, David Rodríguez,
do chefe da Interpol em Lima,
coronel Manuel Barraza, e de
um corpo de médicos.
Durante uma escala para
abastecimento na cidade peruana de Tacna, Fujimori sofreu uma queda de pressão e foi
atendido pelos médicos dentro
do avião, segundo a mídia local.
Devido à pouca autonomia de
vôo, a aeronave de carga que o
transportava, um Antonov, parou para reabastecer duas vezes no trajeto de Santiago até
Lima, em Tacna e Antofagasta.
Após quase nove horas de
viagem, o avião finalmente
aterrissou em Lima às 16h40
locais (18h40 de Brasília).
Prisão
No Peru, o ex-presidente foi
levado imediatamente após a
aterrissagem em um helicóptero policial à sede da Direção de
Operações Especiais da Polícia
Nacional, em Lima, onde deverá ficar por cerca de três semanas. O ministro do Interior,
Luis Alva Castro, explicou que
a custódia de Fujimori será de
responsabilidade do Instituto
Nacional Penitenciário.
Segundo o jornal peruano
"La República", um espaço
blindado de 50 m2 foi preparado para receber o ex-presidente, até que se decida onde ele ficará durante o julgamento.
Fujimori chegou de surpresa
a Santiago em novembro de
2005 vindo do Japão, onde viveu por cinco anos após renunciar por meio de um fax à Presidência do Peru.
Segundo Fujimori, sua passagem pelo Chile fazia parte de
uma estratégia para reduzir a
quantidade de denúncias contra ele. O Estado peruano apresentou 13 denúncias contra o
ex-presidente, entre elas o
massacre de Barrios Altos, em
que 15 pessoas foram mortas. A
corte chilena rejeitou seis das
acusações, pelas quais Fujimori não poderá ser julgado.
Ontem, a ministra da Justiça
do Peru, María Zavala, afirmou
que pedirá à Suprema Corte do
Chile a ampliação dos processos de extradição do ex-líder.
Com agências internacionais
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