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EUA vetam estrangeiros
no setor petrolífero
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O Departamento de Estado dos
EUA disse ontem que o país não
permitirá que doações e contratos
de outros países no Iraque sejam
dirigidos ao setor de exploração e
produção de petróleo.
Na prática, os EUA fecharam o
setor para todos os países que se
dispuserem a investir no Iraque.
A decisão, anunciada na véspera do início da conferência dos
doadores, deve esfriar as discussões multilaterais sobre a reconstrução do Iraque marcadas para
hoje e amanhã na Espanha.
A decisão também reforça as
acusações de que George W. Bush
favorece empresas norte-americanas de petróleo no Iraque.
Segundo o subsecretário de Estado para assuntos econômicos
dos EUA, Alan Larson, o dinheiro
que ainda é necessário para "reabilitar a produção e o transporte
de petróleo no Iraque será financiado pelas contribuições dos
EUA". Larson afirmou, em entrevista ontem, que o ingresso de outros países na área será decidido
somente "mais à frente", quando
o Iraque tiver, "no futuro", um
governo independente.
O Partido Democrata, de oposição, solicitou formalmente ao
Congresso uma investigação sobre os contratos dados a companhias dos EUA no Iraque.
Um dos principais alvos da apuração será a Halliburton, da área
de petróleo e até poucos anos comandada pelo vice-presidente
dos EUA, Dick Cheney.
Sem passar por concorrências, a
Halliburton obteve contratos de
US$ 1,5 bilhão para explorar e
transportar petróleo no Iraque.
A Halliburton agora é acusada
de cobrar quase 50% a mais por litro de produtos derivados do óleo
em comparação com os próprios
preços da nova estatal iraquiana
responsável pelo setor.
Países como França e Rússia,
que tiveram contatos na área de
óleo com Saddam Hussein, vinham demostrando interesse na
reconstrução com novas participações no setor.
Os EUA pretendem colocar
mais US$ 18,6 bilhões no Iraque
na área petrolífera, em segurança
e em infra-estrutura. O destino
dessa soma não passará pela decisão das Nações Unidas e do Banco
Mundial, que vão coordenar outros dois fundos constituídos com
os recursos dos eventuais doadores.
Larson afirmou que há dezenas
de outras áreas em que os países
interessados podem participar
com doações e contratos. Os EUA
estimam que as receitas no Iraque
com extração e venda de petróleo
atinjam US$ 14 bilhões em 2004.
O montante poderá passar a US$
19 bilhões ao ano a partir de 2005.
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