|
Texto Anterior | Índice
SAÚDE
Governador Bush recebe autorização do Legislativo para mudar decisão do marido de deixar a mulher morrer
Flórida manda alimentar paciente em coma
DO "NEW YORK TIMES"
Uma mulher em coma no centro de uma batalha legal e política
sobre o direito de morrer passou a
ser alimentada por tubos ontem
por ordem do governador da Flórida, Jeb Bush, após ele receber
poderes especiais do Legislativo
estadual, atropelando anos de batalha legal sobre o caso. Mas o advogado do marido de Terri Schiavo, 39, disse que ele seguirá buscando uma ordem judicial para
anular a ordem do governador.
O tubo que alimentava Schiavo
foi removido há uma semana
após seu marido, Michael Schiavo, obter uma autorização judicial. Ele vem travando uma longa
batalha com os sogros, que querem manter a filha recebendo alimento. Os médicos previam que
ela morresse em uma semana ou
dez dias sem a alimentação.
Segundo George Felos, o advogado do marido, Schiavo já apresentava sintomas de falência múltipla de órgãos e a reintrodução
de alimentos poderia lhe causar
mais sofrimento. Seu hospital, em
Clearwater, disse que não divulgaria informações sobre o caso.
Embora possa respirar sozinha,
Schiavo depende de alimentação
intravenosa desde 1990, quando
teve uma parada cardíaca atribuída a uma deficiência de potássio.
Quando seu marido pediu pela
primeira vez a remoção do tubo
de alimentação, em 1998, ele disse
que ela havia pedido para não ser
mantida viva artificialmente, embora não tenha nenhum documento comprovando a alegação.
Os pais dela, Bob e Mary Schindler, disputam essa afirmação e
divulgaram vídeos onde a filha
parece sorrir e fazer gestos em resposta a estímulos da mãe.
Mas a maioria dos médicos afirmam que pessoas em estado vegetativo fazem esses gestos involuntariamente e que não têm função cognitiva.
A autorização do Senado estadual permitindo a Jeb Bush (irmão do presidente) barrar a morte de Schiavo gerou muito debate
e foi aprovada por 23 a 15. A Câmara aprovou a lei por 73 a 24.
Na segunda, Michael Schiavo
divulgou um longo comunicado
explicando porque queria a morte
de sua mulher e dizendo que, como os sogros, estava sofrendo.
"Estou muito feliz porque ela
voltou a ser alimentada", disse
Bob Schindler Jr., irmão de Schiavo. "Não sou capaz de descrever
como me sinto agora. É irreal".
Apesar da vitória da família, o
guardião legal de Schiavo segue
sendo o marido.
O professor de direito Laurence
Tribe, da Universidade Harvard,
disse que a ação de Bush e do Legislativo "viola os princípios centrais" de uma decisão da Suprema
Corte norte-americana em 1990.
A corte decidiu, em um processo
aberto no Mississipi, que Nancy
Cruzan, que vinha sendo alimentada por um tubo há sete anos,
poderia ser autorizada a morrer
se "provas claras e convincentes"
fossem apresentadas determinando que era esse o seu desejo.
Texto Anterior: Colômbia: Atentado com carro-bomba fere três em Bogotá Índice
|