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São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2003

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SAÚDE

Governador Bush recebe autorização do Legislativo para mudar decisão do marido de deixar a mulher morrer

Flórida manda alimentar paciente em coma

DO "NEW YORK TIMES"

Uma mulher em coma no centro de uma batalha legal e política sobre o direito de morrer passou a ser alimentada por tubos ontem por ordem do governador da Flórida, Jeb Bush, após ele receber poderes especiais do Legislativo estadual, atropelando anos de batalha legal sobre o caso. Mas o advogado do marido de Terri Schiavo, 39, disse que ele seguirá buscando uma ordem judicial para anular a ordem do governador.
O tubo que alimentava Schiavo foi removido há uma semana após seu marido, Michael Schiavo, obter uma autorização judicial. Ele vem travando uma longa batalha com os sogros, que querem manter a filha recebendo alimento. Os médicos previam que ela morresse em uma semana ou dez dias sem a alimentação.
Segundo George Felos, o advogado do marido, Schiavo já apresentava sintomas de falência múltipla de órgãos e a reintrodução de alimentos poderia lhe causar mais sofrimento. Seu hospital, em Clearwater, disse que não divulgaria informações sobre o caso.
Embora possa respirar sozinha, Schiavo depende de alimentação intravenosa desde 1990, quando teve uma parada cardíaca atribuída a uma deficiência de potássio.
Quando seu marido pediu pela primeira vez a remoção do tubo de alimentação, em 1998, ele disse que ela havia pedido para não ser mantida viva artificialmente, embora não tenha nenhum documento comprovando a alegação.
Os pais dela, Bob e Mary Schindler, disputam essa afirmação e divulgaram vídeos onde a filha parece sorrir e fazer gestos em resposta a estímulos da mãe.
Mas a maioria dos médicos afirmam que pessoas em estado vegetativo fazem esses gestos involuntariamente e que não têm função cognitiva.
A autorização do Senado estadual permitindo a Jeb Bush (irmão do presidente) barrar a morte de Schiavo gerou muito debate e foi aprovada por 23 a 15. A Câmara aprovou a lei por 73 a 24.
Na segunda, Michael Schiavo divulgou um longo comunicado explicando porque queria a morte de sua mulher e dizendo que, como os sogros, estava sofrendo.
"Estou muito feliz porque ela voltou a ser alimentada", disse Bob Schindler Jr., irmão de Schiavo. "Não sou capaz de descrever como me sinto agora. É irreal". Apesar da vitória da família, o guardião legal de Schiavo segue sendo o marido.
O professor de direito Laurence Tribe, da Universidade Harvard, disse que a ação de Bush e do Legislativo "viola os princípios centrais" de uma decisão da Suprema Corte norte-americana em 1990. A corte decidiu, em um processo aberto no Mississipi, que Nancy Cruzan, que vinha sendo alimentada por um tubo há sete anos, poderia ser autorizada a morrer se "provas claras e convincentes" fossem apresentadas determinando que era esse o seu desejo.


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