São Paulo, sexta-feira, 23 de outubro de 2009

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Emboscada mata alto oficial do Paquistão

Ataque a tiros em Islamabad sucede início de ofensiva militar contra bastião do Taleban na divisa afegã

DA REDAÇÃO

Um alto oficial do Exército do Paquistão e o motorista do jipe militar em que eles viajavam foram mortos a tiros ontem na capital do país, Islamabad, por dois supostos insurgentes que fugiram em uma moto -dando sequência à onda de atentados que já matou mais de 170 pessoas só neste mês.
O ataque, ocorrido pela manhã em área residencial, sucede em somente dois dias um atentado na Universidade Islâmica -também na capital e que deixou quatro mortos- e em cinco o início da ofensiva militar contra o Taleban no Waziristão do Sul, um bastião da insurgência na fronteira com o Afeganistão.
O oficial morto, Moin ud din Ahmed, liderava o contingente paquistanês na missão de paz da ONU no Sudão e estava de férias em Islamabad. O secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, manifestou pesar pela perda do militar paquistanês.
Ahmed estivera ainda envolvido na operação contra a Mesquita Vermelha em 2007 -tido como o estopim do recrudescimento da insurgência no país- e no planejamento da ofensiva no vale do Swat, outro reduto do Taleban hoje sob relativo controle, iniciada em abril.
Segundo relatos, um homem com o rosto coberto e arma automática disparou contra o jipe de Ahmed antes de fugir na carona de uma moto em meio ao trânsito intenso. Um soldado também ficou ferido no ataque.
Paralelamente, dois soldados e 24 insurgentes foram mortos nas operações contra o Taleban no Waziristão do Sul, elevando para 18 as baixas do Exército e 129 as do Taleban desde o início da esperada ofensiva no último sábado, segundo militares. Não há confirmação independente.
Considerado o centro nevrálgico da nova onda de atentados iniciada com o ataque a um prédio da ONU no dia 5, o Waziristão do Sul possui área equivalente a cerca de quatro cidades de São Paulo -metade da qual controlada por insurgentes- e abriga o líder do grupo radical islâmico, Hakimullah Mehsud.
Em agosto, ataque de avião não tripulado dos EUA na mesma região já havia matado o antecessor de Mehsud, Baitullah Mehsud -não há parentesco.
A investida é acompanhada de perto pelos EUA, que fizeram da porosa fronteira afegã-paquistanesa o foco do combate ao terrorismo no governo Barack Obama e temem que ações do Taleban no Afeganistão a partir da região minem os esforços internacionais.
A nova ofensiva paquistanesa envolve 28 mil homens, deslocados para a região durante os últimos meses, contra estimados 10 mil insurgentes -cerca de 10% de estrangeiros uzbeques, árabes ligados à rede Al Qaeda e também ocidentais.
Estima-se em 100 mil o número de refugiados -de uma população de cerca de 500 mil pessoas-, sendo 32 mil só na última semana. A operação anterior no vale do Swat deslocou mais de 2 milhões de pessoas.

Com agências internacionais



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