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ESFORÇOS DE PAZ
Instituto questiona vontade militar e política de potências mundiais na solução pacífica de conflitos
Indecisão militar prejudica diplomacia
ISABEL CLEMENTE
de Londres
Ameaças militares vazias estão
pondo em xeque a capacidade de
as negociações diplomáticas surtirem bons resultados na solução de
conflitos internacionais, segundo
um estudo divulgado ontem pelo
Instituto Internacional de Estudos
Estratégicos (IIAA).
Citando recentes e ainda infrutíferas negociações de paz na Iugoslávia, no Oriente Médio e para inspeções de armas no Iraque, o instituto questiona se há realmente
vontade política e capacidade militar, por parte dos líderes ocidentais, para garantir negociações diplomáticas efetivas.
"A qualidade dos resultados diplomáticos alcançados está diretamente relacionada à probabilidade
do uso da força", disse John Chipman, diretor do instituto.
"Quando fica claro que o uso da
força por si só não pode garantir a
submissão, então os contatos diplomáticos vão sempre falhar."
As inspeções de armas de destruição em massa no Iraque, por
exemplo, foram conseguidas depois de bem-sucedidas negociações diplomáticas com o presidente Saddam Hussein, em fevereiro.
A arma usada então foram duras
ameaças de ataques por parte dos
Estados Unidos e do Reino Unido.
Na época em que o acordo com o
Iraque foi assinado, o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, havia dito que "a diplomacia
trabalha melhor quando está garantida por força militar".
De acordo com o relatório, o número de tropas das Nações Unidas
em missões de paz está em seu
mais baixo nível desde 91. O orçamento para essas operações previsto para 1999 também é menor.
Ainda segundo o relatório, o comércio internacional de armamentos cresceu 17% em 97, incentivado pela demanda cada vez
maior dos países do golfo Pérsico.
O cenário mundial traçado pelo
estudo não mostra melhora ou redução nas zonas de tensão. Índia e
Paquistão, ao realizarem testes nucleares no final de maio último, se
juntaram aos outros barris de pólvora que preocupam a comunidade internacional, alertam os pesquisadores.
²
América Latina
Apesar de estar entre os menores
mercados para armas e serviços
militares do mundo, a América Latina aumentou em 6% seus gastos
com defesa, ultrapassando o crescimento da economia na região, de
4,5%. O Brasil puxou a alta nos investimentos latino-americanos
nos últimos seis anos.
Em sua maioria, são gastos voltados para o combate ao crime organizado. Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento, a
região gasta, por ano, US$ 168 bilhões em defesa interna.
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