São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

Texto Anterior | Índice

AMÉRICA LATINA

Para grupo, polarização pode provocar violações aos direitos humanos; Chávez diz que greve é golpismo

Anistia vê Estado de Direito ameaçado na Venezuela

DA REDAÇÃO

As divisões cada vez maiores na sociedade venezuelana, entre o presidente Hugo Chávez e a oposição, ameaçam provocar um colapso no Estado de Direito e sérias violações aos direitos humanos, alertou ontem a organização Anistia Internacional.
Para o grupo de defesa dos direitos humanos, a polarização política, envolvendo as Forças Armadas e a polícia, as tensões sociais, o uso da força militar e o generalizado clima de impunidade ameaçam a ordem constitucional.
"Esses fatores são sintomas de um colapso do Estado de Direito, que poderia levar a violações ainda mais sérias dos direitos humanos", disse em Caracas Ignacio Saiz, diretor da Anistia.
Para a organização não-governamental sediada em Londres, os dois lados precisam urgentemente reduzir a tensão e evitar a violência. "A polarização está se acelerando para posições extremas", disse o pesquisador da organização para a Venezuela, Rupert Knox. "Na direção que está indo agora, há um grave risco de um colapso sério do Estado", disse.
A oposição acusa Chávez de destruir o país com suas políticas populistas de esquerda e pede sua renúncia e a convocação de eleições antecipadas. No início do mês, a oposição apresentou um abaixo-assinado com 1,5 milhão de assinaturas pedindo um referendo sobre a saída do presidente.
Chávez, que liderou um golpe de Estado frustrado em 1992 e foi eleito democraticamente em 1998, diz que não renunciará e que respeitará a Constituição, promulgada por ele em 2000, que prevê a possibilidade de um referendo somente a partir de agosto do ano que vem, quando o seu mandato chega à metade.
Em abril, Chávez foi afastado da Presidência por dois dias por um golpe cívico-militar, mas retornou graças à atuação de simpatizantes civis e de militares leais. Mais de 60 pessoas foram mortas nos conflitos de rua ocorridos entre o dia do golpe e o retorno de Chávez à Presidência.
Anteontem, uma greve geral foi convocada pela oposição para o dia 2 de dezembro.
"Por trás da convocação de greve há uma carta escondida para um novo golpe", acusou ontem Chávez. "Estaremos esperando por eles", disse.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Mônaco: "Foi estupidez", admite réu no caso Safra
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.