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AMÉRICA LATINA
Para grupo, polarização pode provocar violações aos direitos humanos; Chávez diz que greve é golpismo
Anistia vê Estado de Direito ameaçado na Venezuela
DA REDAÇÃO
As divisões cada vez maiores na
sociedade venezuelana, entre o
presidente Hugo Chávez e a oposição, ameaçam provocar um colapso no Estado de Direito e sérias
violações aos direitos humanos,
alertou ontem a organização
Anistia Internacional.
Para o grupo de defesa dos direitos humanos, a polarização política, envolvendo as Forças Armadas e a polícia, as tensões sociais, o uso da força militar e o generalizado clima de impunidade
ameaçam a ordem constitucional.
"Esses fatores são sintomas de
um colapso do Estado de Direito,
que poderia levar a violações ainda mais sérias dos direitos humanos", disse em Caracas Ignacio
Saiz, diretor da Anistia.
Para a organização não-governamental sediada em Londres, os
dois lados precisam urgentemente reduzir a tensão e evitar a violência. "A polarização está se acelerando para posições extremas",
disse o pesquisador da organização para a Venezuela, Rupert
Knox. "Na direção que está indo
agora, há um grave risco de um
colapso sério do Estado", disse.
A oposição acusa Chávez de
destruir o país com suas políticas
populistas de esquerda e pede sua
renúncia e a convocação de eleições antecipadas. No início do
mês, a oposição apresentou um
abaixo-assinado com 1,5 milhão
de assinaturas pedindo um referendo sobre a saída do presidente.
Chávez, que liderou um golpe
de Estado frustrado em 1992 e foi
eleito democraticamente em
1998, diz que não renunciará e
que respeitará a Constituição,
promulgada por ele em 2000, que
prevê a possibilidade de um referendo somente a partir de agosto
do ano que vem, quando o seu
mandato chega à metade.
Em abril, Chávez foi afastado da
Presidência por dois dias por um
golpe cívico-militar, mas retornou graças à atuação de simpatizantes civis e de militares leais.
Mais de 60 pessoas foram mortas
nos conflitos de rua ocorridos entre o dia do golpe e o retorno de
Chávez à Presidência.
Anteontem, uma greve geral foi
convocada pela oposição para o
dia 2 de dezembro.
"Por trás da convocação de greve há uma carta escondida para
um novo golpe", acusou ontem
Chávez. "Estaremos esperando
por eles", disse.
Com agências internacionais
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