São Paulo, quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

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Argentina dá pena perpétua a ex-ditador

Jorge Videla, 85, foi condenado pela participação nas mortes de 30 presos políticos na ditadura; cabe recurso

Julgamento se estendeu por cinco meses em um tribunal de Córdoba; ex-repressor se considera "bode expiatório"

Diego Lima/France Presse
O ex-ditador argentino Jorge Videla (no meio) espera sentença em tribunal em Córdoba

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

A Justiça argentina condenou ontem o ex-ditador Jorge Rafael Videla, 85, à prisão perpétua por participação no assassinato de 30 presos políticos na última ditadura militar do país (1976-1983).
Videla governou a Argentina nos primeiros cinco anos do regime e é considerado o arquiteto do plano de repressão que resultou em 30 mil mortos e desaparecidos.
Essa foi a primeira condenação de Videla após o Congresso argentino anular as leis de anistia e indultos, em 2003. Ele ainda poderá recorrer em tribunais superiores.
O julgamento que terminou ontem se estendeu por cinco meses, em um tribunal de Córdoba, e condenou outras 28 pessoas por participação nas execuções, em 1976.
A leitura da sentença foi transmitida ao vivo pela TV pública e mobilizou milhares de militantes esquerdistas e integrantes de organismos de direitos humanos, que se reuniram em Córdoba e em Buenos Aires para comemorar nas ruas a condenação.
A defesa de Videla alegou inconstitucionalidade da pena de prisão perpétua para pedir a anulação do processo por se tratar de crimes já julgados, em 1985, quando o ex-ditador foi condenado e, depois, indultado. Os juízes negaram ambos os pedidos.
Pela sentença, ele terá de cumprir a pena em prisão comum. A defesa, no entanto, pode pedir flexibilização do regime, para prisão domiciliar, caso Videla tenha problemas de saúde no futuro.
O ex-ditador, que ouviu a sentença calado, havia se pronunciado anteontem, no tribunal de Córdoba, quando defendeu as suas ações.


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