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Brasil e EUA tentam afinar propostas para crise
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O chanceler brasileiro, Celso
Amorim, e o secretário de Estado
americano, Colin Powell, tentam
hoje aproximar os discursos e as
propostas do Brasil e dos EUA para pacificar a Venezuela.
Os dois se reúnem em Washington às 13h30 (horário de Brasília),
horas antes da instalação, na OEA
(Organização dos Estados Americanos), do Grupo de Amigos da
Venezuela, proposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
que inclui Chile, México, Portugal
e Espanha.
Autoridades americanas sinalizaram ontem que a proposta do
ex-presidente americano Jimmy
Carter para pôr fim à crise venezuelana, feita na terça-feira em
Caracas, deverá servir como base
inicial das discussões do grupo,
que começam às 18h (horário de
Brasília) e deverão definir um cronograma e uma agenda trabalho.
Os EUA gostaram especialmente da sugestão de Carter de emendar a Constituição, possibilitando
antecipar, de 2006 para 2004, as
eleições presidenciais. Por essa
proposta, Chávez teria seu mandato reduzido, mas poderia tentar
a reeleição. Em troca, a oposição
encerraria sua greve.
O Brasil ainda não opinou sobre
essa proposta, mas Amorim poderá fazê-lo hoje, durante encontros com a oposição venezuelana
e com a ONG de Carter.
Inicialmente, o governo brasileiro se negava a conversar com a
oposição, restringindo seus contatos ao "governo legítimo da Venezuela". Numa mudança explícita de estratégia, Amorim aceitou reunir-se com Timoteo Zambrano, líder da Coordenação Democrática (grupo de partidos e
organizações de oposição). Zambrano é crítico da ajuda de Lula ao
governo Chávez. Há dez dias, chegou a propor a exclusão do Brasil
do Grupo de Amigos.
Apesar de presente em Washington, a oposição venezuelana,
assim como o governo do país,
não participa da reunião do Grupo de Amigos, restrita aos países-membros e ao secretário-geral da
OEA, César Gaviria.
Chávez disse ontem que a formação do grupo foi "apressada" e
voltou defender sua ampliação.
O encontro de Powell e Amorim
será o primeiro do secretário
americano com um ministro de
Lula. Ele ocorre num momento
em que divergências sobre a Venezuela trazem constrangimentos à relação bilateral Brasil-EUA.
Há duas semanas, Washington
criticou a primeira abordagem do
governo Lula para a Venezuela,
na qual o presidente propôs a formação de um grupo em apoio a
Chávez, com a inclusão de países
como Rússia, França e Argélia.
Os EUA viram na iniciativa uma
forma de desprestigiar os trabalhos da OEA e neutralizar os interesses americanos. Como reação,
os americanos propuseram a criação de seu próprio "grupo de amigos" e chegou a sugerir a exclusão
do Brasil. Depois de um intenso
esforço diplomático, as idéias brasileira e americana acabaram sendo fundidas, e os dois países aceitaram trabalhar juntos na crise.
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