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São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 2003

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Brasil e EUA tentam afinar propostas para crise

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O chanceler brasileiro, Celso Amorim, e o secretário de Estado americano, Colin Powell, tentam hoje aproximar os discursos e as propostas do Brasil e dos EUA para pacificar a Venezuela.
Os dois se reúnem em Washington às 13h30 (horário de Brasília), horas antes da instalação, na OEA (Organização dos Estados Americanos), do Grupo de Amigos da Venezuela, proposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que inclui Chile, México, Portugal e Espanha.
Autoridades americanas sinalizaram ontem que a proposta do ex-presidente americano Jimmy Carter para pôr fim à crise venezuelana, feita na terça-feira em Caracas, deverá servir como base inicial das discussões do grupo, que começam às 18h (horário de Brasília) e deverão definir um cronograma e uma agenda trabalho.
Os EUA gostaram especialmente da sugestão de Carter de emendar a Constituição, possibilitando antecipar, de 2006 para 2004, as eleições presidenciais. Por essa proposta, Chávez teria seu mandato reduzido, mas poderia tentar a reeleição. Em troca, a oposição encerraria sua greve.
O Brasil ainda não opinou sobre essa proposta, mas Amorim poderá fazê-lo hoje, durante encontros com a oposição venezuelana e com a ONG de Carter.
Inicialmente, o governo brasileiro se negava a conversar com a oposição, restringindo seus contatos ao "governo legítimo da Venezuela". Numa mudança explícita de estratégia, Amorim aceitou reunir-se com Timoteo Zambrano, líder da Coordenação Democrática (grupo de partidos e organizações de oposição). Zambrano é crítico da ajuda de Lula ao governo Chávez. Há dez dias, chegou a propor a exclusão do Brasil do Grupo de Amigos.
Apesar de presente em Washington, a oposição venezuelana, assim como o governo do país, não participa da reunião do Grupo de Amigos, restrita aos países-membros e ao secretário-geral da OEA, César Gaviria.
Chávez disse ontem que a formação do grupo foi "apressada" e voltou defender sua ampliação.
O encontro de Powell e Amorim será o primeiro do secretário americano com um ministro de Lula. Ele ocorre num momento em que divergências sobre a Venezuela trazem constrangimentos à relação bilateral Brasil-EUA.
Há duas semanas, Washington criticou a primeira abordagem do governo Lula para a Venezuela, na qual o presidente propôs a formação de um grupo em apoio a Chávez, com a inclusão de países como Rússia, França e Argélia.
Os EUA viram na iniciativa uma forma de desprestigiar os trabalhos da OEA e neutralizar os interesses americanos. Como reação, os americanos propuseram a criação de seu próprio "grupo de amigos" e chegou a sugerir a exclusão do Brasil. Depois de um intenso esforço diplomático, as idéias brasileira e americana acabaram sendo fundidas, e os dois países aceitaram trabalhar juntos na crise.


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