São Paulo, terça-feira, 24 de fevereiro de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Ataque a delegacia em Kirkuk fere mais de 50; Rumsfeld acusa Síria e Irã de dar passagem a terroristas

Sexto atentado no mês mata ao menos 7

DA REDAÇÃO

Pelo menos sete policiais iraquianos foram mortos em mais um atentado, o sexto a atingir o Iraque em fevereiro. O ataque de ontem, executado por um terrorista suicida com um carro-bomba, atingiu uma delegacia em Kirkuk, no norte do país, majoritariamente curdo.
Durante uma visita surpresa de um dia ao Iraque, o secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld, foi informado que os ataques suicidas se tornaram o maior problema do pós-guerra. O secretário voltou a atribuir a entrada de terroristas no país ao Irã e à Síria.
"Não estamos conseguindo muita cooperação por parte do Irã e da Síria. Seus governos não desejam libertar o povo iraquiano", disse ele durante sua quarta visita ao Iraque desde a invasão do país, em março passado.
Não é a primeira vez que Rumsfeld acusa Teerã e Damasco. Mas, nos últimos meses, o tom vinha diminuindo, e outras autoridades americanas vinham dizendo haver poucos sinais da entrada de terroristas pelas fronteiras.
Autoridades americanas no Iraque que se reuniram com o secretário lhe disseram que a origem dos terroristas é controversa -há quem acuse partidários do ex-ditador Saddam Hussein e quem creia em uma migração de terroristas ligados à Al Qaeda, a rede responsável pelo 11 de Setembro.
O chefe da administração americana no país, Paul Bremer, está no segundo grupo. "Temos visto um verdadeiro aumento desses terroristas profissionais da Al Qaeda e do Ansar al Islam conduzindo ataques suicidas", disse ele após se reunir com Rumsfeld.
A relação com a Al Qaeda, traçada após o aumento de ataques suicidas como o de ontem e da execução de alguns ataques coordenados, ganhou força após a apreensão de uma carta, em janeiro, atribuída a um terrorista que opera no Iraque -na qual ele pede à rede ajuda para fomentar a violência sectária no país.
Já a suspeita sobre simpatizantes do regime deposto é reforçada pelo fato de iraquianos aliados às forças de ocupação terem se tornado o principal alvo de ataques -cerca de 250 iraquianos foram mortos neste mês-, enquanto ações contra as forças dos EUA caíram 70% desde novembro.

Falta de proteção
O ataque de ontem ocorreu por volta das 8h45 (horário local), quando um terrorista se aproximou do portão da delegacia em um Oldsmobile branco carregado de explosivos e os detonou. Informações sobre o número de mortos ainda eram desencontradas, variando entre sete e 13. O número de feridos superava 50.
"Ele nos pegou de surpresa. Não conseguimos disparar um único tiro contra o terrorista", disse o policial Saman Ali. Poças de sangue se espalhavam pelo chão coberto de neve. "Havia pedaços do suicida, suas pernas e braços, pela delegacia", disse o policial Amjad Reda, ferido levemente.
Os policiais, armados somente com fuzis, reclamaram da falta de segurança, dizendo que os americanos não fornecem a proteção adequada. Embora postos policiais sejam alvo freqüente de ataques, a delegacia não tinha nenhum tipo de proteção especial.
Em visita a membros da Defesa Civil, Rumsfeld declarou aos iraquianos esperar que eles assumam rapidamente a segurança de seu país. Mas o general Mark Kimmit, porta-voz militar dos EUA no Iraque, disse estar "claro que as forças iraquianas ainda não têm capacidade" para isso.

Maus-tratos
Os EUA suspenderam 17 soldados acusados de maltratar prisioneiros iraquianos. Até agora, três militares americanos foram exonerados por esse motivo.
A decisão seguiu acusações do grupo de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional. Os casos ainda serão investigados.


Com agências internacionais

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