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Visando sair da crise, Islândia estuda virar paraíso jornalístico
Ampla consolidação de leis de liberdade de imprensa deve ser votada nesta semana
HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
A Islândia quer tornar-se um
paraíso jornalístico. Em tese,
soa estranha a ideia de um país
em crise abraçar um setor que a
alardeou, para tentar promover
sua economia e autoestima.
Mas é exatamente esse o plano
de 19 dos 63 parlamentares islandeses que lançaram a Iniciativa para uma Mídia Moderna.
O projeto, que consiste basicamente numa abrangente
consolidação de leis de liberdade de imprensa, deve ser debatido e votado ainda nesta semana. Seus proponentes, que integram uma frente suprapartidária, esperam que ele seja aprovado, criando um ambiente jurídico que atraia para a Islândia
grupos de internet e entidades
de defesa dos direitos humanos
que enfrentam percalços legais
em outros países.
Desde 2008, a Islândia vive
uma crise que praticamente
quebrou todos os bancos do
país e abalou a percepção que
os islandeses tinham de si mesmos como povo próspero.
Para dar publicidade internacional à iniciativa, o projeto
cria também o Prêmio Islandês
de Liberdade de Expressão,
que, na visão dos organizadores
do movimento, se converteria
no Nobel da imprensa.
Em termos concretos, o que
os parlamentares fizeram foi
recolher as experiências legislativas mundiais mais generosas para com a mídia e reuni-las
num único projeto.
Assim, a iniciativa islandesa
contém elementos da lei belga
de proteção a fontes, da legislação americana que incentiva
funcionários do governo a denunciar irregularidades e reproduz alguns dos dispositivos
do Estado de Nova York que
inibem tentativas de levar o
processo para jurisdições em
que são menores as possibilidades de defesa de jornalistas.
Por conta própria, os islandeses decidiram incluir mecanismos contra a censura judicial e
normas que limitam a responsabilidade de editores. Detalhes da iniciativa podem ser
vistos em http://immi.is/?l=en&p=intro (em inglês).
Os responsáveis pela iniciativa acreditam que, se ela for
aprovada, o novo arcabouço jurídico, ao lado de outras condições que já existem no país, como a ampla rede de cabos de fibra óptica e energia barata e
verde, poderá levar empresas
que produzem notícias e as divulgam pela internet a escolher
Reikjavík como sede.
A Islândia, que ainda vive os
efeitos da mais grave crise econômica de sua história, não tem
muitas condições de resistir a
pressões de seus vizinhos mais
ricos. Por isso, diplomaticamente, o projeto enfatiza que
as legislações de outros países
serão respeitadas. Também reforça que as disposições contra
a pirataria e a pornografia infantil serão mantidas.
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