São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2006

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IRAQUE SOB TUTELA

Três reféns ocidentais são libertados por tropas da coalizão; ao menos dez ações violentas fazem vítimas

Série de ataques deixa 56 mortos no Iraque

DA REDAÇÃO

Ao menos 56 pessoas morreram e centenas ficaram feridas em vários ataques isolados -ao menos dez- ocorridos em diferentes regiões do Iraque ontem, mesmo dia em que dois canadenses e um britânico foram libertados após permanecerem quatro meses seqüestrados. Na ação mais violenta, um carro-bomba explodiu na entrada de um departamento do Ministério do Interior, em Bagdá, matando dez civis e 15 policiais.
Na área atingida estavam sob custódia cerca de 20 militantes insurgentes. Mas a polícia iraquiana negou que o ataque tenha tido como objetivo libertar esses prisioneiros. Nos dois dias anteriores, outras investidas contra unidades da polícia visavam esse propósito.
Também ontem, outro carro-bomba causou uma explosão perto de uma mesquita xiita no sudoeste de Bagdá. Ao menos seis pessoas morreram e 20 ficaram feridas, a maioria delas crianças.
Em outro incidente, bombas foram lançadas em direção a policiais na capital iraquiana e na cidade de Iskandariyah, deixando cinco mortos e dezenas de feridos.
O Exército dos EUA declarou ontem que a série de atentados durante a semana de 11 a 17 de março fez crescer 75% a morte de vítimas civis em relação à semana anterior.
Só em Bagdá, foram 58 incidentes, contabilizando 134 mortos nesse período. Citando outro dado, os militares afirmaram que a média vem sendo de 75 incidentes por dia em todo o território iraquiano desde agosto de 2005.
O secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, se recusou a determinar um prazo para a saída das forças norte-americanas. O presidente George W. Bush já havia dito que a retirada ficará a cargo de um futuro presidente norte-americano e de um futuro governo do Iraque.

Reféns libertados
Tropas dos EUA e do Reino Unido invadiram uma casa localizada em um região próxima a Bagdá e libertaram três missionários cristãos que haviam sido seqüestrados em dezembro do ano passado. Um quarto refém, o americano Tom Fox, 54, foi achado morto no início deste mês em uma rua da capital iraquiana.
Os canadenses James Loney, 41, e Harmeet Singh Sooden, 32, e o britânico Norman Kember, 74, da organização Cristãos pela Paz, foram encontrados em condições "razoáveis", segundo o governo britânico e familiares do americano. A localização do cativeiro foi revelada por um homem capturado horas antes da ação empreendida pelas tropas, que não encontraram os seqüestradores na casa.
A Cristãos pela Paz investiga denúncias de violações de direitos humanos cometidas pelas forças de coalizão. Para um co-diretor da organização, Doug Pritchard, o ocorrido resulta da "ocupação ilegal do Iraque por forças multinacionais que causam insegurança e que levaram ao seqüestro e a tanto sofrimento no país".

Relatório sobre abusos
A ONU solicitou ao Iraque que intervenha nas forças de segurança com intuito de desmontar supostos "esquadrões da morte" que operam internamente e que também investigue relatos sobre tortura em prisões do país.
Segundo o escritório de direitos humanos da ONU, foi registrado um grande número de execuções sumárias dentro e nas cercanias de Bagdá. Em janeiro, um grupo de 22 homens, com fardas de policiais, foi detido ao levar um homem que seria executado.


Com agências internacionais

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