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Câmara aprova data para saída do Iraque
Em vitória da oposição democrata, deputados dos EUA votaram lei que leva soldados para casa até setembro de 2008
Projeto, que incluía até
verba para a agricultura,
passou com os votos
mínimos necessários;
Bush confirmou que vetará
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
A Câmara dos Representantes (deputados federais) dos
EUA aprovou ontem em plenário a primeira proposta que estabelece um cronograma para a
retirada das tropas americanas
do Iraque. Apesar de divididos
sobre a questão, os democratas
conseguiram, dessa forma, impingir uma derrota simbólica
ao presidente George W. Bush.
Este já avisou que vetará a lei
caso passe pelo Senado -a votação está prevista para a próxima semana.
"Hoje, este Congresso deu
um novo passo para acabar com
a guerra no Iraque", afirmou a
democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara. Pela manhã,
ela comandou várias reuniões a
fim de convencer seus colegas
de partido a apoiar a medida.
Na quinta-feira à noite, quatro parlamentares republicanos comunicaram a Pelosi que
ajudariam na aprovação do
projeto, embora tivessem a intenção de votar contra. "Não
vou trair minha consciência,
mas não posso ficar no caminho de uma medida que estabelece uma data para o fim dessa
guerra desnecessária", justificou a deputada Barbara Lee.
Mesmo assim, foi apertado.
Dos 435 deputados, 218 votaram a favor -sendo 216 democratas e dois republicanos- e
212, contra -198 republicanos
e 14 democratas. Houve quatro
abstenções e uma das cadeiras
da Câmara ficou vaga após a
morte de um parlamentar.
Um debate acalorado antecedeu a votação. "O povo americano espera que façamos alguma coisa", afirmou o democrata Steny Hoyer.
A proposta orçamentária estabelece a liberação de cerca de
US$ 100 bilhões para gastos
militares, porém com a condição de que a maior parte dos
soldados americanos volte para
casa até 31 de agosto de 2008.
Também determina que Wa-
shington e Bagdá informem periodicamente os progressos
que têm sido feitos no Iraque,
do contrário a retirada poderia
ser feita ainda antes.
"É assim que eles querem dar
fundos para as tropas? Essa é a
hipocrisia de Washington trabalhando", protestou o republicano Patrick McHenry.
Fundos agrícolas
Entre os democratas que votaram contra, alguns são da ala
conservadora do partido e outros julgaram que a medida deveria ser mais rígida.
Como o projeto, emergencial, também incluía a liberação
de recursos para a agricultura
doméstica, os republicanos
acusaram os democratas de
manobrarem para facilitar a
sua aprovação. Além disso, acusaram-nos de querer tomar o
lugar dos estrategistas militares ao definirem um calendário
para a retirada.
Bush qualificou a votação de
"teatro político". "Como deixei
claro por semanas, vou vetar se
chegar à minha mesa", disse.
Na opinião de analistas, em
algum momento o partido vai
ter de chegar a um acordo com
o presidente para o financiamento do Exército americano.
E não se sabe se a liderança democrata repetirá o êxito.
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