São Paulo, sábado, 24 de março de 2007

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Iranianos capturam 15 marinheiros britânicos no golfo Pérsico

Grupo fiscalizava barcos a caminho de portos iraquianos; Londres exige libertação "imediata", mas Teerã acusa militares de invadir suas águas territoriais

DA REDAÇÃO

Um grupo de 15 marinheiros britânicos foi ontem capturado pela Guarda Revolucionária Islâmica, corpo de elite do Irã, quando efetuava patrulha de rotina no golfo Pérsico.
A ministra das Relações Exteriores do Reino Unido, Margaret Beckett, exigiu que os militares sejam "imediatamente libertados" e pediu aos iranianos "explicações completas".
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, disse que o governo americano apóia a exigência britânica de libertação imediata dos marinheiros.

Em missão da ONU
A Marinha Real cumpre nas águas do golfo tarefa atribuída pela Resolução 1.723, da ONU, de apoiar o Iraque no combate ao contrabando e evitar o desembarque, por mar, de armas para a insurgência.
Os 15 marinheiros estavam em duas lanchas que acabavam de inspecionar um cargueiro japonês, suspeito de contrabandear automóveis usados.
Foram cercados por militares iranianos, que os forçaram a acompanhá-los a uma base, no estreito de Shatt al Arab, fronteira do Irã com o Iraque.
Os marinheiros pertencem à tripulação da fragata HMS Cornwall, cujo comandante, Nick Lambert, disse à BBC que não houve resistência e que recebeu dos iranianos, por rádio, a informação de que os militares britânicos estavam bem.
Disse acreditar num "simples engano" e insistiu não haver dúvidas de que os marinheiros estavam em águas territoriais do Iraque.
Depois de longas horas sem reagir ou confirmar o incidente, a televisão iraniana acusou o grupo britânico "de ter penetrado ilegalmente" em águas territoriais do país.

Programa nuclear
Observadores acreditam que a Guarda Revolucionária decidiu criar um grande caso internacional às vésperas da votação, pela ONU, de novas sanções contra o Irã, por conta de seu programa de enriquecimento de urânio.
O jornal londrino "Times" diz ser possível que a captura seja uma forma de o Irã responder ao que chama de "seqüestro" pelos serviços de inteligência ocidentais de oficiais da Guarda Revolucionária.
Além do ex-comandante da corporação Ali Reza Asghari, que teria se exilado no Ocidente, também desapareceram um coronel, Amir Muhammed Shirazi, e um oficial conhecido como Muhammed Soltani. Os dois últimos, segundo o jornal, participavam de operações de auxílio às forças xiitas no Iraque. A guarda opera de modo independente do Ministério da Defesa e tem como único comandante o aiatolá Ali Khamenei. Sua oficialidade tem claras simpatias pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Além da HMS Cornwall, os britânicos mantêm no golfo dois caça-minas e um barco auxiliar de intendência.
A Marinha dos Estados Unidos tem uma presença bem mais pesada, com dois porta-aviões e uma frota destinada a proteger o petróleo iraquiano e demonstrar força ao Irã.
Navegam pela região 80% das importações européias da Ásia e boa parte do petróleo do Oriente Médio.
Em 2004 o Irã capturou na mesma região seis militares britânicos que, antes de serem libertados, três dias depois, foram exibidos de olhos vendados na TV iraniana e obrigados a "pedir desculpas".


Com agências internacionais


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