São Paulo, sábado, 24 de abril de 2010

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Atentados em série matam 64 em Bagdá

Explosões, atribuídas pelas autoridades à Al Qaeda, ocorrem poucos dias após a morte de dois líderes da insurgência

Ataques são uma aparente demonstração de força dos militantes, enquanto o Iraque vive vácuo de poder após as eleições de março

Karim Kadim/Associated Press
Em Cidade Sadr, locais apagam fogo de carro que explodiu

DA REDAÇÃO

Uma série de atentados contra alvos xiitas deixou ontem ao menos 64 mortos em Bagdá, quatro dias após o anúncio da morte de dois líderes da Al Qaeda no Iraque e em meio à indefinição política ante as inconclusivas eleições de 7 de março.
Aparentemente coordenados, os atentados de ontem ocorreram num intervalo de duas horas -perto do horário das preces muçulmanas-, quando foram ativadas ao menos dez bombas em carros ou às margens de estradas, em várias partes de Bagdá, principalmente perto de mesquitas e mercados xiitas. Há mais de uma centena de feridos.
Cidade Sadr, bairro pobre de Bagdá e reduto do clérigo xiita antiamericano Moqtada al Sadr, foi alvo de quatro das bombas. Nenhum dos atentados foi suicida -marca registrada da Al Qaeda-, mas as autoridades imediatamente atribuíram a série de ataques à insurgência sunita, que com frequência alveja os xiitas, numa tentativa de reacender as tensões sectárias que as eleições de março visavam acalmar.
O pleito não teve um vencedor claro: o partido do primeiro-ministro, Nuri al Maliki, obteve 89 cadeiras no Parlamento, contra 91 da legenda do ex-premiê Iyad Allawi. Mas nenhum dos dois conquistou maioria para governar, e a Justiça ordenou a recontagem de 2,5 milhões de votos em Bagdá, o que pode mudar o resultado eleitoral. No meio tempo, o Iraque vive um vácuo político, enquanto os EUA preparam a retirada de suas tropas do país, que deve ser concluída até 2011.
Os ataques de ontem são um forte revés para Maliki, que tinha comemorado a morte dos dois líderes da Al Qaeda -em ação conjunta com os EUA- como um golpe "que quebrou a coluna" da insurgência.
Se confirmada como autora dos atentados, a Al Qaeda dá nova demonstração de força, fazendo de abril o mês mais mortal do ano no país até agora, com cerca de 260 civis mortos em ataques -apesar da queda da violência nos últimos anos.
Também ontem, oito pessoas morreram em explosões em Khalidiya, Província de Anbar, de maioria sunita. Segundo autoridades, os ataques visavam casas de policiais e juízes locais.


Com agências internacionais


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