São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 2002

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Um militar é ferido e outro some na operação brasileira na fronteira

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A Operação Tapuru, ação conjunta das Forças Armadas brasileiras na fronteira com a Colômbia, registrou ontem as suas duas primeiras baixas. Um militar está desaparecido e outro foi ferido em confrontos com forças supostamente do país vizinho -não se sabe se guerrilheiros, narcotraficantes ou pessoas comuns.
Os dois incidentes foram comunicados ontem pelo ministro da Defesa, Geraldo Quintão, em entrevista no Comando Militar da Amazônia, em Manaus.
O primeiro caso ocorreu às 20h15 de terça, em Belém do Solimões, município de Tabatinga (a 1.105 km de Manaus). Segundo nota, o cabo Gilberto José de Souza Santos, 26, foi ferido a bala quando sua patrulha perseguia barco suspeita no rio Solimões.
"Essa agressão foi provavelmente de elementos colombianos. Houve a agressão e a reação. Não sabemos se houve mortos do lado de lá, mas sabemos que não houve mortos do lado de cá", disse o comandante militar da Amazônia, general Valdésio Guilherme de Figueiredo, que citou pela primeira vez a palavra "guerra" na operação. "O militar [o cabo Santos" está ótimo, pronto para voltar para guerra", disse.
O cabo Geraldo Santos integra o navio de patrulha Raposo Tavares. O comando informou que ele foi transferido ontem para o Hospital do Exército em Manaus.
O segundo incidente ocorreu anteontem perto da ilha de Flores, em São Gabriel da Cachoeira (a 858 km de Manaus). O terceiro-sargento de infantaria Manoel de Jesus Alencar, 27, desapareceu quando fazia patrulha pelo rio Negro. Não se sabe o que ocorreu. Inquéritos foram instaurados. "Imagina numa situação real, por isso que tem de haver treino e preparo de todos os militares", disse o ministro Quintão.
A Operação Tapuru segue, com seus 4.000 homens, navios, aviões e custo de R$ 5 milhões, até amanhã, véspera da eleição na Colômbia. O comandante Figueiredo reafirmou que não há relação direta entre os dois fatos, apesar de o general Joaquim Silva e Luna, comandante da 16ª Brigada de Infantaria da Selva, ter admitido isso na terça-feira -há um aumento na movimentação na fronteira pelo recrudescimento das ações militares colombianas.
Sobre os incidentes, o comandante Figueiredo disse: "Estamos no fogo, é para se queimar." Em fevereiro, um militar do 3º Pelotão Especial de Fronteira desapareceu na região em circunstâncias ainda não esclarecidas.



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