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TRÍPLICE FRONTEIRA
Procurado pelo Paraguai, Barakat, supostamente ligado ao Hizbollah, recorrerá no STF para não ser extraditado
Libanês preso no Brasil nega elo com terror
DA AGÊNCIA FOLHA
O comerciante libanês Assad Ahmad Barakat, preso anteontem em Foz do Iguaçu a pedido da Justiça paraguaia, negou as acusações de ligação com atos terroristas. Nesta semana, sua defesa deverá tentar libertá-lo e evitar sua extradição com recurso junto ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Barakat, 34, chegou no fim da
tarde de sábado na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, após ser detido pela manhã
em sua casa em Foz.
Ele é acusado pela Justiça do Paraguai de ser integrante de um
núcleo do grupo extremista libanês Hizbollah em Ciudad del Este,
cidade do país vizinho que faz
fronteira com Foz do Iguaçu.
Segundo o governo de Assunção, Barakat organizava remessas
de dinheiro para financiar o Hizbollah -organização extremista
islâmica apoiada por Síria e Irã
que, além de combater Israel, é
um partido político no Líbano.
"Não sou terrorista. Vivo no
Brasil há sete anos, tenho esposa e
três filhos brasileiros e, nesse tempo todo, nunca tive problemas
com nada", afirmou Barakat em
entrevista a emissoras de TV de
Foz do Iguaçu, antes de embarcar
para Brasília.
O delegado da PF Joaquim Mesquita declarou que, no Brasil, não
há conhecimento de provas que
liguem o libanês ao terror.
A mulher do comerciante, a
brasileira Marlene Barakat, disse
às TVs locais que está "muito aflita" e acredita que, agora, nas
mãos do STF, "vai acabar de vez a
perseguição" a seu marido.
O Hizbollah, que surgiu como
grupo guerrilheiro contrário à
ocupação israelense no início dos
anos 80, é legalizado como partido político. Em maio de 2000, Israel deixou o sul libanês. Com os
ataques de 11 de setembro, porém,
aumentou a pressão sobre o grupo, que é considerado terrorista
pelos EUA.
A ordem de prisão para Barakat
foi enviada à Polícia Federal de
Foz pelo STF. O ministro Maurício Corrêa atendeu a um pedido
da Justiça paraguaia, que tenta
prender o libanês desde outubro
do ano passado.
Na ocasião, foram apreendidos
na loja de Barakat em Ciudad del
Este, que está fechada, CDs e vídeos de Hassan Nasrallah, líder
máximo do Hizbollah, com mais
de 60 horas de discurso. Em um
deles, Nasrallah conclama seus seguidores a "explodir seus corpos
contra os inimigos", para libertar
o território palestino. Três funcionários do comerciante foram presos na ação, e até agora só um foi
liberado.
Sobre o material apreendido em
sua loja, o comerciante havia afirmado que tinha feito gravações da
TV libanesa Al Manar, transmitida por canais do sistema a cabo na
fronteira.
A Polícia Nacional do Paraguai
prendeu, de setembro até agora,
23 comerciantes supostamente ligados a grupos terroristas. Dois
continuam detidos.
Dois advogados, os quais a
Agência Folha não conseguiu
contatar ontem, estão tentando
evitar que Barakat seja extraditado ao Paraguai.
Em novembro do ano passado, o comerciante disse ser simpatizante do Hizbollah e que, anualmente, manda US$ 400 para uma instituição criada pelo grupo, no Líbano, que cuida de órfãos dos mortos em conflitos com Israel.
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