São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 2002

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Shehada considerava civis alvo legítimo

PAULO DANIEL FARAH
DA REDAÇÃO

Um dos fundadores do Izzedin al Qassam, braço armado do movimento extremista islâmico Hamas, e acusado de orquestrar a morte de militares e civis israelenses há mais de uma década, Salah Shehada encabeçava a lista de palestinos almejados por Israel.
O xeque Shehada, 49, comandava os membros do Hamas (Movimento da Resistência Islâmica) na faixa de Gaza, mas ele também teria orquestrado atentados na Cisjordânia e em território israelense, incluindo a morte, em março, de cinco estudantes no assentamento judaico de Atzmona, em Gaza, e ações suicidas em Jerusalém e Tel Aviv, segundo Israel.
"Qualquer civil em território ocupado é considerado um alvo legítimo. Nossa missão é pôr fim à presença do inimigo nesta terra sagrada, que não lhe pertence", disse à reportagem da Folha, em Gaza, menos de um mês após o início da Intifada (levante palestino), em setembro de 2000.
Shehada criticava as tentativas de negociações entre palestinos e israelenses, descrevia os Acordos de Oslo (1993) como "capitulação" e rejeitava a solução de dois Estados para os confrontos.
Encarava o conflito sob um prisma religioso e à Folha dissera que "o verdadeiro motivo do sofrimento palestino é a falta de sentimento muçulmano sincero". A solução, para ele, seria fundar um único Estado islâmico no lugar de Israel e dos territórios palestinos.
Nascido em 1953, no campo de refugiados de Shati (para onde sua família foi durante a guerra de 1948), em Gaza, Shehada foi treinado para ser assistente social, mas passou a apoiar ataques indiscriminados para combater os israelenses. Em 89, ajudou a fundar o braço armado do Hamas. Alguns analistas acreditam que poderia ser o sucessor de Ahmed Yassin, líder espiritual do grupo.
Segundo Israel, além de estar por trás de atentados recentes, ele ajudou a desenvolver os rudes mísseis Qassam, lançados sobretudo contra assentamentos judaicos de Gaza. Depois de ele passar alguns anos em prisões israelenses, o Exército tentara matá-lo diversas vezes. De acordo com o jornal israelense "Haaretz", quando o Exército considerou, em maio, a possibilidade de uma ampla operação militar em Gaza, um dos principais objetivos era capturar ou eliminar Shehada.



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