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Shehada considerava civis alvo legítimo
PAULO DANIEL FARAH
DA REDAÇÃO
Um dos fundadores do Izzedin al Qassam, braço armado do movimento extremista islâmico Hamas, e acusado de orquestrar a
morte de militares e civis israelenses há mais de uma década, Salah
Shehada encabeçava a lista de palestinos almejados por Israel.
O xeque Shehada, 49, comandava os membros do Hamas (Movimento da Resistência Islâmica) na
faixa de Gaza, mas ele também teria orquestrado atentados na Cisjordânia e em território israelense, incluindo a morte, em março,
de cinco estudantes no assentamento judaico de Atzmona, em
Gaza, e ações suicidas em Jerusalém e Tel Aviv, segundo Israel.
"Qualquer civil em território
ocupado é considerado um alvo
legítimo. Nossa missão é pôr fim à
presença do inimigo nesta terra
sagrada, que não lhe pertence",
disse à reportagem da Folha, em
Gaza, menos de um mês após o
início da Intifada (levante palestino), em setembro de 2000.
Shehada criticava as tentativas
de negociações entre palestinos e
israelenses, descrevia os Acordos
de Oslo (1993) como "capitulação" e rejeitava a solução de dois
Estados para os confrontos.
Encarava o conflito sob um
prisma religioso e à Folha dissera
que "o verdadeiro motivo do sofrimento palestino é a falta de sentimento muçulmano sincero". A
solução, para ele, seria fundar um
único Estado islâmico no lugar de
Israel e dos territórios palestinos.
Nascido em 1953, no campo de
refugiados de Shati (para onde
sua família foi durante a guerra de
1948), em Gaza, Shehada foi treinado para ser assistente social,
mas passou a apoiar ataques indiscriminados para combater os
israelenses. Em 89, ajudou a fundar o braço armado do Hamas.
Alguns analistas acreditam que
poderia ser o sucessor de Ahmed
Yassin, líder espiritual do grupo.
Segundo Israel, além de estar
por trás de atentados recentes, ele
ajudou a desenvolver os rudes
mísseis Qassam, lançados sobretudo contra assentamentos judaicos de Gaza. Depois de ele passar
alguns anos em prisões israelenses, o Exército tentara matá-lo diversas vezes. De acordo com o jornal israelense "Haaretz", quando
o Exército considerou, em maio, a
possibilidade de uma ampla operação militar em Gaza, um dos
principais objetivos era capturar
ou eliminar Shehada.
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