São Paulo, domingo, 24 de julho de 2005

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TERROR

Grupo que se diz ligado à rede Al Qaeda assumiu na internet ataques no balneário de Sharm el Sheikh, no mar Vermelho

Mortos em atentados no Egito já são 88

DA REDAÇÃO

Aumentou para pelo menos 88 o número de mortos no pior atentado terrorista no Egito desde 1981. As três explosões na madrugada de sábado no balneário de Sharm el Sheikh, no mar Vermelho, feriram mais de cem. Um grupo que diz ter ligações com a Al Qaeda assumiu os ataques.
O atentado foi aparentemente coordenado, marca das ações terroristas feitas em nome da Al Qaeda. Dois carros-bomba, possivelmente conduzidos por suicidas, foram simultaneamente detonados à 1h15 (hora local, 20h15 da sexta em Brasília). Alvejaram o hotel Ghazala Gardens, na luxuosa região da baía de Naama, e o Antigo Mercado da cidade, onde se reúnem egípcios que trabalham nos resorts.
Uma terceira bomba, que autoridades acreditam que estava dentro de uma bolsa, explodiu no mesmo horário perto de um calçadão de praia muito freqüentado por turistas à noite.
Entre os mortos, segundo o ministro do Interior, há pelo menos oito estrangeiros. A agência de notícias Associated Press (AP), citando fonte de segurança que não quis se identificar, diz que entre os não-egípcios mortos há cidadãos de Reino Unido, Holanda, Kuwait, Arábia Saudita e Qatar. O serviço diplomático da República Tcheca confirmou que um cidadão do país também morreu.

Estação de mergulho
Segundo a agência Reuters, também citando fontes hospitalares, há ainda 20 estrangeiros feridos, sendo nove italianos, cinco sauditas, três britânicos, um russo, um ucraniano e um árabe-israelense. Mas o serviço diplomático britânico afirma que oito de seus cidadãos foram feridos.
Sharm el Sheikh, com suas famosas formações de corais, há muito tempo atrai pessoas interessadas em mergulho submarino. Europeus, israelenses e árabes das nações produtoras de petróleo do Golfo Pérsico são seus principais freqüentadores.
O Ministério das Relações Exteriores da Itália diz que, no sábado, havia cerca de 30 mil italianos passando férias na cidade. Seriam também 9.000 britânicos, de acordo com a associação de agentes de viagens do Reino Unido.

Autoria
Várias horas depois da ação terrorista, um obscuro grupo, citando laços com a Al Qaeda do terrorista saudita Osama bin Laden, assumiu os atentados em um comunicado na internet. A autenticidade do comunicado na web não pôde ser confirmada.
A organização, que se chama Brigadas Abdullah al Azzam da Al Qaeda no Levante e no Egito, foi um dos dois grupos que se disse responsável pelos atentados de outubro de 2004 em Taba e Ras Shitan, outros resorts egípcios, onde 34 pessoas morreram.
Uma alta autoridade egípcia relatou à AP que há indícios que apontam, de fato, para uma conexão entre os ataques de ontem e os de outubro, em Taba. "Temos algumas provas, especialmente sobre o carro que foi detonado no Antigo Mercado", disse o ministro do Interior, Habib al Adli.

Reações
Protegido por forte esquema de segurança, o ditador do Egito, Hosni Mubarak, voou para Sharm el Sheikh e foi diretamente inspecionar o local da explosão no hotel Ghazala. Na TV, disse que "o objetivo deste ato covarde foi solapar a segurança e a estabilidade do Egito e atingir a sua população e os seus hóspedes". "Isso apenas aumenta a nossa determinação de caçar, acuar e acabar com o terrorismo", afirmou.
Os Estados Unidos, Israel, a União Européia e os países do Oriente Médio condenaram os atentados de sábado em Sharm el Sheikh. A vizinha Jordânia anunciou uma operação para reforçar a segurança em locais turísticos do país.
O papa Bento 16 deplorou os ataques. Chamou-os de "atos sem sentido", e fez um apelo aos terroristas para que renunciem ao uso da violência.


Com agências internacionais

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