São Paulo, domingo, 24 de julho de 2011

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'Ser lobista profissional ficou mais difícil no período pós-crise'

DE WASHINGTON

Lobista há 38 anos, Howard Marlowe acha que seu ramo não está fácil no pós-crise. Não só a verba rareou -queda de 10% só em 2010, diz ele- como o foco dos políticos virou um só: a crise. Quem lida com outros temas, afirma, perdeu a vez. O advogado, que hoje está à frente do escritório de lobby Marlowe & Company e da Liga Americana de Lobistas, estima em 30 mil seus colegas na cidade -só de lobistas registrados, são 12 mil.
O número exclui ativistas, estrategistas políticos e outros grupos que fazem pressão política, mas não respondem como profissionais do lobby ante a lei.
Lobby nos EUA é uma atividade legal e regulada, com padrões, regras e associações, como a de Marlowe. Eis sua entrevista à Folha.(LC)

 

Folha - Como os interesses especiais pesam no debate para elevar o teto da dívida federal e aprovar cortes no Orçamento até 2 de agosto?
Howard Marlowe -
Há muita gente fazendo lobby agora, dada a dimensão da crise, tanto indivíduos quanto firmas de profissionais. A questão dos cortes de gastos não vai se resolver tão logo. Há gente interessada em um aumento do endividamento do governo, como os construtores, corretores imobiliários e exportadores. Há quem esteja preocupado com a assistência à saúde e a seguridade social. Há a indústria bancária, afetada imediatamente. Todo mundo aí tem lobistas, até as organizações de caridade, que temem cortes na educação.

É um pico de lobby?
Há mais debate e pressão. Mas um acordo entre democratas e republicanos não é algo sobre o qual os lobistas possam fazer muita coisa. O que está movimentado é a questão tributária, sobretudo por parte dos que se beneficiam dos cortes de impostos feitos por George W. Bush. Aí o lobby pode ter impacto.
Costuma-se descrever isso como diferença filosófica entre republicanos e democratas, mas há um lado de querer agradar sua base eleitoral -e os republicanos têm mais laço com os negócios.

Isso afeta o seu trabalho?
Essa crise da dívida dificulta ao Congresso focar em outra coisa, e muitos lobistas não trabalham com isso. A campanha de mídia, os comerciais, o lobby não registrado atrapalham? Atrapalham muito. Nós vamos fazer uma proposta ainda neste ano para fechar a brecha na lei que dá espaço para o exercício não regulamentado da profissão.

A crise financeira pesou?
Sim, e não melhorou. Pelas minhas conversas com outros lobistas, todo mundo ainda enfrenta dificuldade


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