São Paulo, Sábado, 24 de Julho de 1999
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MAIS DESAFIOS
Polícia prende no centro de Pequim 200 pessoas que protestavam contra proibição da seita Fa Lun Gong
China reprime protesto em Tiananmen

das agências internacionais

A China reprimiu ontem, na praça Tiananmen (centro de Pequim), uma manifestação contra o banimento da seita Fa Lun Gong. A polícia prendeu cerca de 200 integrantes do grupo que sentaram-se na praça em protesto contra o governo.
A praça Tiananmen (Paz Celestial) foi o local em que, em 1989, o Exército atacou com violência um movimento estudantil pró-democracia que desafiava o Partido Comunista.
Pequim considera ""diabólica" a Fa Lun Gong, seita que recorre a exercícios de artes marciais e promove a idéia da reencarnação. Ao proibir suas atividades, anteontem, disse que ela está "envolvida em atividades ilegais, advogando superstições e ameaçando a estabilidade social".
A polícia impediu o acesso à praça durante algumas horas. Depois de reaberto, o local e o restante da cidade ficaram sob forte vigilância policial.
Com a proibição da seita, o governo chinês promove a maior onda de repressão desde o massacre de Tiananmen. Ele teme organizações sociais que não estejam sob seu controle.
O líder da seita, Li Hongzhi, 47, que vive nos EUA, pediu ontem a Pequim que não veja seu grupo como um "inimigo". Disse esperar que o governo "possa ter comunicação direta para resolver os conflitos".
A mídia estatal chinesa afirmou ontem que as pessoas que praticarem em público os exercícios de meditação da seita serão presos.
O grupo diz ter 100 milhões de seguidores em todo o mundo -80% deles na China. O governo chinês afirma que há apenas 2 milhões de seguidores no país, o mais populoso do mundo, com 1,25 bilhão de habitantes.
"Nunca estivemos envolvidos em atividades contra o governo", afirmou Li Hongzhi. Ele teme represálias contra sua mãe e sua irmã, que ainda vivem em Pequim.
Na China, organizações religiosas precisam obter autorização governamental para funcionar. A crise do comunismo deixou um vácuo ideológico no país, que vem sendo preenchido por seitas como a Fa Lun Gong.
Embora promova uma abertura na economia, com medidas capitalistas, o Partido Comunista chinês se recusa a implantar reformas democratizantes.
A primeira grande demonstração da Fa Lun Gong em Pequim ocorreu em abril deste ano, quando cerca de 10 mil seguidores se reuniram, desafiando o Partido Comunista, para pedir ao governo o reconhecimento da seita.
Sua proibição, anteontem, ocorreu depois de milhares de pessoas terem participado de atos pacíficos em 30 cidades, nesta semana, contra a detenção de cerca de cem líderes da seita.


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