São Paulo, Sábado, 24 de Julho de 1999
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SUCESSÃO HEREDITÁRIA
O príncipe Sidi Mohammed, filho do monarca, deve sucedê-lo
Hassan 2º, rei do Marrocos, morre de ataque cardíaco

das agências internacionais

O rei Hassan 2º, do Marrocos, 70, morreu ontem, em Rabat, devido a um ataque cardíaco. O monarca, que por 38 anos permaneceu no trono do país, deve ser sucedido por seu filho, príncipe Sidi Mohammed, 36.
Hassan será enterrado amanhã. Ele havia sido internado na manhã de ontem, com pneumonia. No meio da tarde, antes de seu filho fazer o anúncio oficial sobre a morte, as redes de TV estatais marroquinas interromperam suas programações e começaram a transmitir apenas versos do Alcorão (livro sagrado dos muçulmanos).
Ao longo de sua trajetória no poder, Hassan ganhou o apelido de "o grande sobrevivente": escapou de tentativas de assassinato, de golpe militar e de articulações para derrubá-lo organizadas por grupos de esquerda e ativistas islâmicos.
"Quando subi ao trono, as pessoas diziam que eu não duraria mais do que seis meses", disse o monarca certa vez ao rei Juan Carlos da Espanha, seu amigo pessoal.
Ele era o rei que havia mais tempo estava no poder entre os monarcas do mundo árabe. Teve papel discreto, mas importante, no processo de paz entre árabes e israelenses.
Foi um dos mediadores que ajudaram Israel e Egito a reatar relações diplomáticas, em 1978. Ele próprio normalizou os laços entre Marrocos e Israel em 1994.
Seus métodos de repressão aos grupos oposicionistas lhe renderam críticas e acusações de violações aos direitos humanos, feitas pelos EUA e pela Europa.
No início da década, Hassan melhorou sua imagem no cenário internacional ao libertar 800 prisioneiros políticos e comutar para prisão perpétua as sentenças de morte de 195 pessoas.
Em sua autobiografia "A Memória de um Rei", Hassan escreveu que 60% de suas decisões haviam sido equivocadas. "Tive a coragem de ver meus erros e corrigi-los", afirmou, sem revelar quais eram esses erros.
Hassan preparou seu filho Sidi Mohammed para sucedê-lo no trono do país de 29 milhões de habitantes.
O príncipe herdeiro é formado em direito internacional por uma universidade francesa. Participa ativamente desde 95 de projetos sociais do governo.
Ocupa também o posto de coordenador das Forças Armadas -segundo homem na hierarquia militar, abaixo apenas de seu pai, que era o comandante supremo.


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