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EUA
Valor médio pago pelo governo é de US$ 1,36 milhão
Nove primeiras famílias ganham indenização pelo 11 de setembro
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Quase um ano depois do ataque
terrorista de 11 de setembro, nove
famílias das vítimas receberam
ontem os primeiros cheques com
a indenização oferecida pelo Fundo Federal de Compensação às
Vítimas, criado para indenizar os
parentes dos 3.300 mortos naquele dia em Nova York, no Pentágono e na Pensilvânia.
Elas fazem parte das 25 famílias
que já têm direito ao dinheiro.
Destas, 12 ainda não se manifestaram e outras quatro já estão brigando na Justiça para que a quantia aumente. O valor pago médio
foi de US$ 1,36 milhão, sendo US$
300 mil o cheque mais baixo e
US$ 3 milhões o mais alto.
"Acho que essa primeira leva de
pagamentos deve dar às famílias
uma amostra de que o programa
é generoso e justo", disse o advogado Kenneth Feinberg, que preside o fundo criado por medida
do Congresso após o ataque.
Até agora, só 662 famílias se inscreveram para receber o dinheiro.
O pequeno número se deve a uma
cláusula polêmica que foi exigência da administração Bush: para
ter direito à indenização, o familiar deve assinar um documento
draconiano em que abre mão de
alguns direitos.
O principal deles é o direito de
processar os governos federal, estaduais e municipais, os proprietários do World Trade Center, as
empresas que lá trabalhavam, as
companhias aéreas donas dos
quatro aviões, os fabricantes das
aeronaves, as administrações dos
aeroportos de onde os vôos saíram e as polícias e os corpos de
bombeiros das cidades.
"É bom ver o governo se mexendo, mas ainda faltam muitas
questões a serem respondidas",
disse Lynn Castrianno, cujo irmão era corretor na Cantor Fitzgerald, uma das principais empresas atingidas no World Trade
Center. "Estamos esperando por
mais informações para decidir se
entramos ou não."
Estrangeiros
Outro problema enfrentado pelo fundo federal nas indenizações
diz respeito às diversas culturas
que compõem as vítimas especificamente do World Trade Center.
Segundo reportagem da Folha de
2001, quase 50% dos mortos eram
imigrantes ou filhos de primeira
geração de imigrantes.
Assim, antes de assinar os cheques, Feinberg está há meses às
voltas com leis diferentes das norte-americanas, hábitos do Oriente
Médio conflitantes com a legislação local e relações familiares extraordinárias que podem complicar na hora de determinar o recipiente da compensação.
Parentes de vítimas britânicas,
por exemplo, brigam na Justiça e
pedem um valor mais alto do que
a média porque o Fisco inglês não
quer abrir mão de taxar o dinheiro recebido, diferentemente do
que fez o governo dos EUA.
Por sua vez, alguns mortos nigerianos e iemenitas eram polígamos, como permite a lei local dos
dois países, e suas mulheres pleiteiam dividir o prêmio entre si, o
que causa outro problema legal, já
que o órgão federal só reconhece
uma mulher por beneficiado.
"Uma coisa é você lidar com
Constituições estaduais diferentes como as de Nova York e Nova
Jersey", disse Feinberg, "mas outra bem diferente é ter de encaixar
em nossas medidas legislações
como as da República Popular da
China ou da Noruega."
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