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ORIENTE MÉDIO
Israel atende decisão da Justiça e muda traçado da obra que o separa da Cisjordânia; colônias terão mais 500 casas
Conclusão de muro vai atrasar um ano
DA REDAÇÃO
O governo de Israel anunciou
ontem quais devem ser as mudanças no traçado da barreira que
está sendo erguida para separar o
país da Cisjordânia, seguindo as
determinações da Suprema Corte
do país. As novas alterações devem provocar um atraso de um
ano na conclusão da obra, prevista agora para o fim de 2005.
Em outra decisão tomada ontem, o governo israelense afirmou
que construirá cerca de 500 novas
unidades habitacionais em assentamentos da Cisjordânia, em adição às mil anunciadas na semana
passada. A medida acentuou a irritação dos palestinos com os
EUA que, segundo informações
não oficiais, estariam dando aval a
Israel para levar adiante essas
construções em assentamentos.
Os americanos não confirmaram oficialmente o aval. Mas analistas avaliam que, com a proximidade das eleições, o presidente
George W. Bush estaria buscando
satisfazer a comunidade judaica
americana, evitando atritos com o
governo israelense.
No assentamento de Har Gilo,
começou ontem a construção de
novas casas, autorizada anteriormente. Muitos dos trabalhadores
na obra são palestinos que afirmam não ter outra maneira para
ganhar dinheiro.
Tanto a barreira quanto a expansão dos assentamentos judaicos fazem parte do plano de "desengate" do premiê Ariel Sharon,
que tem como principal ponto a
retirada das colônias da faixa de
Gaza. O objetivo é reduzir o atrito
com os palestinos.
O atraso na construção da barreira se deve à recente decisão da
Suprema Corte de Israel, tomada
em junho, que obriga que um trecho de 30 km ao redor de Jerusalém seja refeito para aliviar a vida
de milhares de palestinos e exige
que o restante do traçado seja
reestudado. Com a rota inicialmente prevista, os palestinos
muitas vezes ficam separados de
suas escolas, hospitais e fazendas.
Em outras áreas da Cisjordânia,
essa situação ainda persiste.
Além da alteração nos 30 km, o
governo de Israel também decidiu mudar o traçado de um outro
trecho de cerca de 90 km, que liga
o assentamento judaico de Elkana
a Jerusalém.
"O Exército de Israel construirá
uma nova rota em acordo com o
que decidiu a Suprema Corte",
disse Dany Tirza, um dos chefes
de planejamento da barreira, para
o comitê de relações exteriores e
de defesa do governo.
Com as mudanças, 1.620 hectares de terra palestina não serão
mais confiscados por Israel para a
construção da barreira. Em 12
pontos, o muro seguirá o mesmo
traçado da linha verde -a fronteira entre a Cisjordânia e Israel.
Além disso, serão abertas cerca de
12 passagens para os palestinos
atravessarem de suas áreas para o
território israelense.
As mudanças no traçado da
barreira terão um custo adicional
de US$ 6 milhões. Um terço da
obra avaliada em centenas de milhões de dólares já foi concluído.
O muro, segundo Israel, está
sendo erguido para impedir a entrada de terroristas palestinos no
país. Nos últimos cinco meses,
não ocorreu nenhum atentado de
grandes proporções em Israel. Os
palestinos acusam Israel de confiscar áreas palestinas, inviabilizando o estabelecimento de um
futuro Estado na Cisjordânia e na
faixa de Gaza.
"Enquanto falam em se retirar
de Gaza, eles [Israel] expandem
seus assentamentos na Cisjordânia", disse ontem o premiê palestino, Ahmed Korei.
Na semana passada, o procurador-geral de Israel, Meni Mazuz,
advertiu o governo do país que a
má repercussão da construção da
barreira pode levar os israelenses
a sofrerem sanções de órgãos internacionais. E a Suprema Corte,
no mesmo dia, pediu que o governo divulgasse em até 30 dias uma
resposta à decisão da Corte Internacional de Haia, que considerou
ilegal o muro e determinou a sua
derrubada.
O ministro da Defesa de Israel,
Shaul Mofaz, afirmou ontem que
milhares de reservistas podem ser
convocados para ajudar o Exército a remover os assentamentos da
faixa de Gaza.
Arafat
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, se
reuniu ontem com Mohammed
Dahlan, o ex-chefe da segurança
palestina na faixa de Gaza que se
transformou em um dos mais duros críticos do líder palestino.
O encontro estava sendo adiado
desde a eclosão da onda de violência entre os próprios palestinos na
Cisjordânia e na faixa de Gaza no
início do mês. Nenhum dos dois
comentou o que foi discutido.
Um palestino foi morto ontem
no campo de refugiados de Rafah,
na faixa de Gaza, em operação militar israelense. Não há informações se ele era militante de algum
grupo palestino.
Com agências internacionais
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