São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

EUA condenam cerco a Arafat, mas defendem Israel no Conselho de Segurança da ONU

Bush critica Israel; Sharon ameaça Hamas

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, afirmou que poderá lançar uma operação militar para combater o grupo extremista islâmico Hamas na faixa de Gaza.
O anúncio foi feito no mesmo dia em que os EUA voltaram a criticar o cerco ao escritório do presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, em Ramallah (Cisjordânia).
No Conselho de Segurança da ONU, foi apresentada uma proposta de resolução condenando Israel pelas recentes ações em Ramallah. Os EUA disseram que utilizariam seu poder de veto para impedir a aprovação, que seria votada ontem.
Autoridades militares israelenses disseram a uma rede de TV que Israel, em caso de ação militar na faixa de Gaza, poderia prender e até mesmo expulsar o líder espiritual do Hamas, xeque Ahmed Yassin, e Abdel Aziz Rantisi, principal líder do grupo.
"Gaza serve de base para o Hamas. Chegará o dia, quando nossas forças estiverem em condições, que atacaremos o Hamas e eliminaremos a capacidade deles [dos militantes do grupo" atuarem", disse ontem o primeiro-ministro israelense.
A afirmação de Sharon, além de ameaçar o Hamas, serviu de resposta para comentários de jornalistas que o criticaram por atacar Arafat, em vez de agir contra o Hamas.
O grupo extremista assumiu o atentado terrorista que matou seis pessoas, além do suicida, em um ônibus que circulava pelo centro de Tel Aviv na quinta-feira.
Em resposta às ameaças de Sharon, dirigentes do Hamas afirmaram que Israel enfrentará uma forte resistência caso queira realizar uma ampla operação militar na faixa de Gaza.
Desde o início da Intifada (o levante palestino contra a ocupação israelense), em setembro de 2000, Israel não realizou nenhuma grande operação militar na faixa de Gaza, que envolvesse ocupação com forças terrestres. Foram realizados bombardeios contra instalações da ANP e algumas incursões em campos de refugiados.
Uma ação militar na região é bem mais difícil do que na Cisjordânia, pois a faixa de Gaza é mais populosa, o que atrapalha a circulação de veículos militares. Até agora, Israel tem concentrado as suas operações na Cisjordânia, onde ocupa a maioria das cidades.

Conselho de Segurança
Os EUA advertiram Sharon de que o cerco a Arafat prejudica a paz e as reformas palestinas. Essas foram as mais duras críticas americanas ao governo do premiê israelense, Ariel Sharon, desde o início da ofensiva contra o QG de Arafat em Ramallah.
"A prioridade do presidente [George W. Bush" é a paz. A paz é mais bem garantida com novas instituições palestinas, e o que Israel está fazendo é contrário a essa causa e não ajuda", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer. A mensagem de Bush, segundo ele, foi encaminhada para Sharon.
No Conselho de Segurança, os EUA apresentaram proposta condenado os atentados palestinos e pedindo para Israel levantar o cerco a Arafat.
A proposta foi uma reação dos EUA, principal aliado de Israel, à proposta de resolução que acusa Israel pela violência, exige a retirada dos israelenses das cidades palestinas e expressa preocupação com a situação humanitária dos palestinos. Para os americanos, essa resolução defendia apenas um dos lados no conflito.
Em nota, o governo do Brasil disse deplorar "a ação de Israel nas cidades e em territórios palestinos e particularmente às ameaças a Arafat".
Em Ramallah, fracassaram as negociações entre palestinos e israelenses para que o cerco a Arafat fosse encerrado.
Em Hebron (Cisjordânia), um israelense foi morto e três pessoas ficaram feridas após disparos de um palestino. Todos eram de uma família de Jerusalém. Ninguém assumiu o ataque.


Com agências internacionais


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