São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

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BESLAN

Placar pró-Putin foi de 343 a 0

Duma aprova rígido plano antiterror russo

DA REDAÇÃO

A Câmara Baixa do Parlamento da Rússia (Duma) aprovou anteontem um abrangente plano antiterror que propõe a ampliação dos poderes de todas as agências envolvidas no combate ao terrorismo, mas também ameaça punir funcionários que falharem em impedir ataques terroristas.
Reunidos pela primeira vez após a recente série de ataques terroristas, que inclui a invasão de uma escola em Beslan onde morreram mais de 300 pessoas, os parlamentares aprovaram o plano antiterror por 343 votos a 0, com quatro abstenções. O plano estabelece qual será a legislação que será apresentada para votação no Parlamento durante os próximos meses.
Vladimir Vailyev, presidente do comitê de segurança da Duma, disse que entrarão na pauta 40 projetos de lei antiterror.
"Todas as instituições da sociedade civil e todos os setores do governo devem estar preparados para resistir a esse mal", diz o plano antiterror. O texto não especifica quais agências serão afetadas.
Enquanto os governistas, que dominam a Duma, facilmente reuniram apoio para aprovar o plano, alguns oposicionistas questionaram a estratégia.
"Estamos procurando as razões dos atos terroristas em todos os lugares, mas o principal motivo está em Moscou, no curso e na política conduzidos neste país", disse o parlamentar comunista Gennady Zyuganov.
O plano antiterror exorta "mudanças radicais", que dariam "status especial" às agências envolvidas no combate ao terrorismo durante operações antiterror.
A resolução da Duma também defende penas maiores para aqueles que ajudam ou financiam terroristas e para funcionários cujos "abusos ou negligência" levarem a um ataque terrorista, mas não especifica as penalidades.
Apesar de defendida por alguns congressistas, a Duma não incluiu a restauração da pena de morte, suspensa no país desde 1996.
Outras medidas propostas incluem a criação de procedimentos para emissão de passaportes e vistos em algumas regiões russas, aperto do controle sobre o dinheiro que ingressa no país e aumentar a segurança em metrôs, ferrovias e aviões comerciais.
Os parlamentares planejam ainda destinar mais recursos para esforços antiterroristas, assim como pagamentos adicionais aos membros de operação antiterror e mais benefícios para as vítimas.

Sem indenização
A indefinição sobre exatamente quantas pessoas morreram em Beslan três semanas após a tragédia está impedindo a distribuição de mais de US$ 20 milhões em doações feitas por empresas e pessoas russas e estrangeiras, informaram ontem fontes oficiais.
De acordo com o governo russo, 1.189 pessoas foram mantidas reféns. Já a escola diz que havia 1.350 pessoas dentro do prédio. Outra dificuldade é a identificação de alguns restos mortais.
Até agora, as vítimas têm recebido dinheiro apenas do governo local e de doações feitas diretamente por doadores pelo site www.beslan.ru.


Com agências internacionais


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