São Paulo, sábado, 24 de setembro de 2005

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ALEMANHA VOTA

Segundo pesquisa, conservadora é mais popular que chanceler pela 1ª vez desde início da disputa eleitoral

Alemães agora preferem Merkel a Schröder

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

Um dia depois de uma pesquisa do instituto Emnid mostrar que, pela primeira vez desde o início da disputa eleitoral, a conservadora Angela Merkel tem a preferência dos alemães para ocupar a Chancelaria, os Verdes rechaçaram ontem oficialmente a possibilidade de se aliarem à União Democrata Cristã (CDU), reduzindo ainda mais as chances de ela ficar na chefia do próximo governo.
A pesquisa, realizada nos dias 20 e 21 deste mês -com margem de erro de um ponto percentual para cima ou para baixo-, apontou que 47% dos alemães preferem Merkel na Chancelaria, enquanto o chanceler (premiê) Gerhard Schröder ficou com 44%.
"Nós nos colocamos no campo oposicionista. Diferenças ideológicas e de conteúdo intransponíveis nos separam atualmente", declarou Reinhard Bütikofer, líder dos Verdes, após uma "histórica reunião" com Merkel.
Na verdade, as diferenças entre os Verdes e os liberais do FDP, que também fariam parte da coalizão com o partido ambientalista e com os democrata-cristãos, são ainda mais graves do que as que separam os dois partidos que se encontraram ontem em Berlim.
"A política externa, sobretudo no que tange ao modo como a União Européia tratará a intenção turca de aderir ao bloco, separa os Verdes da CDU. Contudo ao menos três pontos, nos quais os conservadores aceitam a posição dos liberais, os distanciam do programa do FDP: a política de segurança interna, a política nuclear e a reforma do sistema de saúde", explicou à Folha Elmar Altvater, reputado politólogo de Berlim.
Como os liberais descartam a possibilidade de se unirem ao Partido Social Democrata (SPD), de Schröder, e aos Verdes, a última alternativa plausível continua sendo uma grande coalizão entre os dois maiores partidos alemães.
O problema é que tanto Merkel quanto Schröder gostariam de chefiar tal aliança, o que, na prática, os distancia da Chancelaria. Desde anteontem, alguns pesos pesados do SPD, como o prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, já falam na possibilidade da ocorrência de uma grande coalizão sem o comando de Schröder.
Mesmo assim, o nome de Merkel ainda é malvisto pelos social-democratas porque, para eles, "os alemães mostraram claramente, na votação do último domingo, que não a querem à frente do governo". Assim, embora discretamente, outros nomes começam a ser cogitados nos bastidores.
Um candidato forte seria Christian Wulff, governador da Baixa Saxônia -que era governada por Schröder antes de este tornar-se chanceler- e o político mais popular da Alemanha, segundo pesquisas. Todavia a CDU foi derrotada pelo SPD no Estado, o que enfraqueceu sua posição.

Stasi
Parlamentares eleitos pelo Partido da Esquerda, que conta com ex-comunistas da extinta Alemanha Oriental, deveriam ser investigados para esclarecer se colaboraram com a Stasi, a polícia secreta do regime comunista, segundo Marianne Birthler, responsável pelos arquivos secretos da Stasi.
Inicialmente, ela afirmou que sete deputados eleitos pelo Partido da Esquerda, que teve 8,7% dos votos e ficou com 54 cadeiras no Bundestag (Câmara Baixa do Parlamento), tinham sido "trabalhadores informais" da Stasi. Mais tarde, Birthler declarou que o número pode ser mais baixo.


Com agências internacionais

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