São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2010

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Iraniano sugere que EUA planejaram 11/9

Discurso de Ahmadinejad faz as delegações americana e de outros países deixarem Assembleia Geral da ONU

Washington classifica fala de "detestável'; presidente iraniano repete que não pretende aceitar "sanções ilegais"

Jason Szenes/Efe
O presidente durante discurso na Assembleia Geral da ONU

ANDREA MURTA
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Após dias de passos conciliatórios com Washington, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, fez um discurso inflamado ontem na Assembleia Geral da ONU, no qual criticou os EUA e até sugeriu que o país orquestrou o 11 de Setembro.
A fala fez com que a delegação americana deixasse o plenário da sede da ONU no meio do discurso. Representantes da União Europeia e de Canadá, Nova Zelândia, Austrália e Costa Rica também deixaram a sessão.
Mais tarde, os EUA qualificaram as declarações do iraniano de "detestáveis".
Boicotes do tipo já ocorreram em outras falas do presidente iraniano tanto na ONU quanto em fóruns como a revisão do TNP (Tratado de Não Proliferação), também em Nova York, no mês de maio deste ano.
Segundo Ahmadinejad, há diferentes visões sobre as forças responsáveis pelos ataques às Torres Gêmeas, em setembro de 2001, "que afetaram o mundo todo por quase uma década".
Uma delas é a de que "o governo americano orquestrou o ataque para reverter o declínio da economia e seu poder no Oriente Médio -inclusive para proteger o regime sionista [Israel]".
Para o presidente, a maior parte do público e dos políticos mesmo nos EUA acreditam nessa versão.
"Logo depois do ataque, começou uma máquina de propaganda. Ficou implícito que o mundo todo está exposto a um enorme perigo -o terrorismo- e que a única forma de salvar o mundo seria enviar forças militares para o Afeganistão."
Ahmadinejad pediu ainda que um grupo da ONU investigasse melhor os ataques contra os EUA.
Não foi a única provocação clara a Washington, pouco depois de gestos pacíficos como a libertação de uma americana presa há mais de um ano no Irã.
Falando sobre seu programa nuclear, Ahmadinejad disse que os países do Conselho de Segurança da ONU equiparam a busca de energia com a de uma bomba, e que Teerã jamais se submeterá a "sanções ilegais".
Os americanos foram os que mais pressionaram pela adoção de nova resolução para punir Teerã neste ano.
Ahmadinejad ainda elogiou esforços de Brasil e Turquia para mediar um acordo de troca de combustível nuclear. O acordo, ignorado pelos EUA, teve base em negociações feitas com potências ocidentais no ano passado, em Genebra.
Ahmadinejad não fez nenhuma menção ao aceno feito anteontem, em Nova York, pelo grupo conhecido como P5+1 (que reúne EUA, França, Rússia, Reino Unido, China e Alemanha) para retomar a negociação nuclear com seu país, inclusive com a revisão dos acordos de troca de urânio.
Preferiu mencionar ameaças de queima do Alcorão, livro sagrado do islã, como as feitas nos EUA por um pastor evangélico da Flórida, que acabou recuando.


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