São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2010

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Mortos vinham de cidade de emigrantes

Vítimas de chacina no México, Edicilmar e Natane da Silva eram de Rondon do Norte (PA), de onde saíram 6.000

Itamaraty pede para parentes de eventuais desaparecidos fazerem contato para auxiliar na investigação de chacina

FILIPE MOTTA
DE SÃO PAULO

A cidade do leste do Pará onde viviam os dois paraenses identificados pela Polícia Federal como mortos na chacina de Tamaulipas, no México, já "exportou" cerca de 6.000 moradores para os Estados Unidos, de acordo com estimativa da prefeitura.
Rondon do Pará (a 547 km de Belém), de 47.700 habitantes, tem migrantes principalmente nos Estados da Flórida e Connecticut, segundo a administração do município. A prefeitura afirma que a migração ilegal se intensificou nos últimos cinco anos.
O casal de paraenses mortos no México no mês passado tentava atravessar a fronteira para os Estados Unidos.
Segundo a família, Edicilmar Junior Faustino da Silva, 23, e Natane Amaral da Silva, 22, saíram da cidade, há dois meses, na tentativa de chegar aos Estados Unidos. Casados há dois anos, mas juntos há quatro, deixaram uma filha de 11 meses no Pará.
Edicilmar trabalhava como motoboy numa cooperativa da cidade, e Natane era vendedora numa loja de roupas. Era a segunda vez que eles tentavam ir para os Estados Unidos. Segundo a família, em maio do ano passado, foram a Brasília para tirar o visto, mas tiveram o documento negado e desistiram temporariamente.
A irmã de Natane, Daiane Santos e Silva, 25, afirma que desta vez os dois optaram por fazer o trajeto clandestino.
Viajaram para São Paulo atrás de um agenciador que os faria chegar aos EUA atravessando a Guatemala e o México. Essa opção é a mais comum entre os moradores de Rondon do Pará, segundo a prefeitura.
"Conheço gente que está lá fora há 17 anos. Tem gente que vai, consegue o visto para ficar morando no país e volta para o Brasil para buscar os filhos", afirmou a secretária Mariléia Silva, 26, amiga da família de Natane.

OUTROS BRASILEIROS
Os corpos de outros dois brasileiros já haviam sido identificados na chacina -Hermínio Cardoso dos Santos, 24, e Juliard Aires Fernandes, 19. Eles moravam na região de Governador Valadares (MG), que também é conhecida pela migração de brasileiros para os EUA.
Na chacina, segundo autoridades mexicanas, 72 imigrantes que tentavam chegar aos EUA foram mortos por narcotraficantes do grupo Zetas. Eles haviam exigido que as vítimas trabalhassem em atividades criminosas.
O Itamaraty diz que só trabalha com a existência das quatro vítimas brasileiras. No entanto, pede que familiares e amigos de pessoas que viajaram para o norte do México e tenham perdido contato procurem o órgão para passar informações que auxiliem nas investigações.


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