|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Mortos vinham de cidade de emigrantes
Vítimas de chacina no México, Edicilmar e Natane da Silva eram de Rondon do Norte (PA), de onde saíram 6.000
Itamaraty pede para parentes de eventuais desaparecidos fazerem contato para auxiliar na investigação de chacina
FILIPE MOTTA
DE SÃO PAULO
A cidade do leste do Pará
onde viviam os dois paraenses identificados pela Polícia
Federal como mortos na chacina de Tamaulipas, no México, já "exportou" cerca de
6.000 moradores para os Estados Unidos, de acordo com
estimativa da prefeitura.
Rondon do Pará (a 547 km
de Belém), de 47.700 habitantes, tem migrantes principalmente nos Estados da Flórida e Connecticut, segundo
a administração do município. A prefeitura afirma que a
migração ilegal se intensificou nos últimos cinco anos.
O casal de paraenses mortos no México no mês passado tentava atravessar a fronteira para os Estados Unidos.
Segundo a família, Edicilmar Junior Faustino da Silva,
23, e Natane Amaral da Silva,
22, saíram da cidade, há dois
meses, na tentativa de chegar aos Estados Unidos. Casados há dois anos, mas juntos há quatro, deixaram uma
filha de 11 meses no Pará.
Edicilmar trabalhava como motoboy numa cooperativa da cidade, e Natane era
vendedora numa loja de roupas. Era a segunda vez que
eles tentavam ir para os Estados Unidos. Segundo a família, em maio do ano passado,
foram a Brasília para tirar o
visto, mas tiveram o documento negado e desistiram
temporariamente.
A irmã de Natane, Daiane
Santos e Silva, 25, afirma que
desta vez os dois optaram por
fazer o trajeto clandestino.
Viajaram para São Paulo
atrás de um agenciador que
os faria chegar aos EUA atravessando a Guatemala e o
México. Essa opção é a mais
comum entre os moradores
de Rondon do Pará, segundo
a prefeitura.
"Conheço gente que está
lá fora há 17 anos. Tem gente
que vai, consegue o visto para ficar morando no país e
volta para o Brasil para buscar os filhos", afirmou a secretária Mariléia Silva, 26,
amiga da família de Natane.
OUTROS BRASILEIROS
Os corpos de outros dois
brasileiros já haviam sido
identificados na chacina
-Hermínio Cardoso dos Santos, 24, e Juliard Aires Fernandes, 19. Eles moravam na
região de Governador Valadares (MG), que também é
conhecida pela migração de
brasileiros para os EUA.
Na chacina, segundo autoridades mexicanas, 72 imigrantes que tentavam chegar
aos EUA foram mortos por
narcotraficantes do grupo
Zetas. Eles haviam exigido
que as vítimas trabalhassem
em atividades criminosas.
O Itamaraty diz que só trabalha com a existência das
quatro vítimas brasileiras.
No entanto, pede que familiares e amigos de pessoas
que viajaram para o norte do
México e tenham perdido
contato procurem o órgão
para passar informações que
auxiliem nas investigações.
Texto Anterior: Paraguai: Teste mostra que Lugo não é pai de menino Próximo Texto: Imprensa não crê em proteção governamental Índice | Comunicar Erros
|