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São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2003

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MÍDIA

Historiador que reavaliou trabalho premiado acha que ele deveria ser cassado

Pulitzer de 1932 ao "Times" é revisto

DA REDAÇÃO

Um professor de história da Universidade Columbia (EUA) que recebeu do "The New York Times" a incumbência de avaliar o trabalho de um dos correspondentes do jornal na União Soviética nos anos 1930 disse que o Prêmio Pulitzer recebido pelo jornalista deveria ser cassado por sua "falta de equilíbrio" na cobertura do governo de Joseph Stálin.
O diário pediu ao professor Mark von Hagen que examinasse a cobertura do correspondente Walter Duranty, após ter recebido uma carta em julho do Comitê do Pulitzer solicitando que opinasse. O comitê disse que estava atendendo a uma "nova rodada de demandas" para que o prêmio concedido em 1932 fosse revogado.
Os pedidos mais veementes vieram de americanos de origem ucraniana que argumentaram que Duranty deveria ser punido por ter deixado de incluir em sua cobertura uma onda de falta de alimentos que matou milhões de ucranianos nos anos 1930.
Em seu relatório, Von Hagen descreveu a cobertura que valeu o Pulitzer a Duranty -escrita em 1931, um ano antes da fome- como uma "tola e enorme recitação acrítica de fontes soviéticas".
"A falta de equilíbrio e a aceitação acrítica da justificativa soviética para seu regime cruel e devastador foi um desserviço aos leitores americanos do "New York Times", aos valores liberais que eles apóiam e à experiência histórica dos povos dos impérios Russo e Soviético e sua luta por uma vida melhor", escreveu o professor.
Neste ano, o "Times" já passou por uma reestruturação após terem sido descobertos os procedimentos de seu repórter Jason Blair (já demitido), que inventava declarações e plagiava textos.
O relatório de oito páginas de Von Hagen, um especialista na história russa do início do século 20, não sugeriu que o Comitê do Pulitzer revogasse o prêmio de Duranty, que morreu em 1957. Em comentários publicados no "The New York Sun", porém, ele disse que isso deveria ser feito.
O Comitê do Pulitzer chegou a montar um inquérito para rescindir o prêmio, mas recuou. Em julho, abriu outro. Em carta ao comitê, Arthur Sulzberger Jr., publisher do "Times", disse que o "negligente" trabalho de Duranty deveria ser reconhecido pelo que significou para seus editores e os jurados na sua época. Segundo ele, o jornal não tem o prêmio e, por isso, não poderia devolvê-lo.


Com "New York Times"

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